Bancos vão subir juros do consignado

Banco do Brasil, Caixa Econ�mica Federal, Ita�, Bradesco e Santander seguraram enquanto puderam os repasses da alta da taxa b�sica de juros para as linhas de cr�dito consignado voltadas para os servidores p�blicos e para os aposentados do INSS. Enquanto a Selic subiu 2,75 pontos percentuais ao ano entre abril e dezembro de 2013, os cinco maiores bancos do pa�s apertaram suas margens e mantiveram praticamente est�veis as taxas cobradas desses clientes, conforme levantamento do Valor com base em dados do Banco Central.

Isso representou uma queda de quase 3 pontos percentuais no spread m�dio do consignado para o setor p�blico ao longo de 2013, que ficou em 12,57% ao ano no quarto trimestre, e de 2,54 pontos percentuais na linha do INSS, que teve margem m�dia de 16,52% nos �ltimos tr�s meses do ano.

Mas ap�s a �ltima eleva��o da Selic em 0,50 ponto percentual, no dia 14, para 10,50%, os bancos come�am a avaliar que n�o d� mais para apertar. "Estamos no osso. Vou ter que fazer um ajuste t�cnico", disse um alto executivo de uma institui��o financeira, indicando que faria um repasse ainda em janeiro.

A raz�o para as taxas terem sido mantidas at� agora, o que deve ter reflexos nas margens financeiras brutas das institui��es no quarto trimestre, foi a forte concorr�ncia. Todos os bancos querem ganhar participa��o de mercado nessas duas carteiras de consignado que, apesar do spread menor, t�m baix�ssimo risco de inadimpl�ncia.

Refor�ando essa evid�ncia, em linhas que os bancos n�o est�o priorizando neste momento, como cr�dito pessoal n�o consignado e aquisi��o de ve�culos, o repasse tem ocorrido em todas as institui��es, com exce��o da Caixa, que aumentou os juros cobrados no fim do ano, mas em dose menor do que o avan�o da Selic.

O saldo somado das duas linhas de consignado preferidas pelo mercado atingiu R$ 202 bilh�es em novembro, um crescimento de 38% em dois anos, ante avan�o de 17% no total de cr�dito para pessoa f�sica com recursos livres no mesmo per�odo. Nesse intervalo, o peso do consignado no cr�dito livre para indiv�duos subiu de 27% para 32% do total.

A decis�o de subir os juros a partir de agora, no entanto, pode n�o ser t�o simples de ser executada. O executivo que promete o ajuste t�cnico admite que, se a concorr�ncia n�o fizer o mesmo e ele perder participa��o de mercado no consignado, poder� ter que voltar atr�s.

Esse ponto de dificuldade para o repasse se soma a outro empecilho para que essa estrat�gia de recomposi��o de margens seja implementada.

O Conselho Nacional de Previd�ncia Social (CNPS) estabelece um teto de 2,14% ao m�s para cobran�a no consignado destinado aos aposentados e pensionistas do INSS. E alguns bancos, como Ita� (2,12%), Bradesco (2,07&%) e Santander (2,07%), fecharam o ano passado bem pr�ximos desse limite. BB e Caixa ainda t�m alguma folga. Embora tenham elevado as taxas ao longo do ano (em ritmo inferior � alta da Selic), os dois bancos federais est�o distantes do teto, com taxas mensais de 1,88% e 1,70%, respectivamente.

"Chegou-se ao limite do cr�dito consignado. O espa�o para redu��o de juros hoje � nulo", diz o diretor de um banco privado. A tend�ncia, segundo ele, � que daqui para a frente o banco busque alcan�ar o teto m�ximo de cobran�a permitido pelo INSS. "Dentro da Selic atual, esse limite [de 2,14%] ainda � suport�vel", afirma ele.

A preocupa��o dos bancos se d�, por�m, com o futuro da taxa b�sica de juros. Se novas rodadas de alta vierem (e o mercado prev� pelo menos mais um ajuste de 0,25 ponto ou 0,50 ponto), as institui��es financeiras tendem a negociar com o INSS e com outros entes p�blicos a amplia��o do teto. Ningu�m nega, por�m, que reajustes no cr�dito consignado ser�o bastante dif�ceis, principalmente em um ano de elei��es, j� que seria uma medida bastante impopular.

A taxa m�xima de 2,14% ao m�s para os aposentados e pensionistas do INSS est� em vigor desde maio de 2012, quando a Selic estava em 9% ao ano. Naquela data, o CNPS anunciou uma redu��o de 0,20 ponto percentual no teto do cr�dito com desconto direto na folha de pagamento.

Em conversa com o Valor, o executivo de um banco privado tamb�m relatou que os juros m�dios do consignado para funcion�rios p�blicos sofreram uma queda porque essa institui��o ganhou uma folha de pagamento de um conv�nio que exige taxas mais baixas no cr�dito. "No fim, outros servi�os prestados pelo banco compensam os juros mais baixos", diz.

O executivo de um outro banco avalia que o movimento de redu��o de taxas no consignado foi em grande parte puxado pelos bancos p�blicos, que em 2012 come�aram um movimento de redu��o de juros, em meio � cruzada iniciada pela presidente Dilma Rousseff. Juntos, o Banco do Brasil e a Caixa Econ�mica Federal possuem quase 50% do estoque de cr�dito consignado.

Daqui para a frente, por�m, o executivo avalia que o cen�rio ser� diferente. "A recupera��o de taxas no consignado certamente acontecer�. As taxas dos bancos p�blicos estavam excessivamente baratas e agora est�o sendo recompostas", afirma ele.

Os bancos foram procurados, mas nenhum deles disp�s de um porta-voz para falar oficialmente sobre o tema.

Fonte: For�a Sindical