Dados compilados pelo �Estado� mostram que a perman�ncia m�dia do trabalhador na empresa atingiu n�vel recorde de 161 semanas
O tempo m�dio de perman�ncia do brasileiro no seu emprego atingiu um patamar recorde de 161,2 semanas (ou pouco mais de tr�s anos) no primeiro trimestre deste ano. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) compilados pelo �Estado�, este patamar � o mais alto de toda a s�rie hist�rica, iniciada em 2002.
No primeiro trimestre de 2003, quando Luiz In�cio Lula da Silva assumiu a Presid�ncia, o indicador apontava uma dura��o m�dia de 135 semanas. Isso significa que, em pouco mais de uma d�cada, subiu de dois anos e meio para 3,1 anos a dura��o m�dia do contrato de trabalho formal no Pa�s.
Os n�meros v�o na contram�o das despesas cada vez maiores com o seguro-desemprego, gastos que o governo promete h� anos que vai reduzir. Entre janeiro e mar�o, o governo Dilma Rousseff gastou R$ 10,1 bilh�es com seguro-desemprego e abono salarial, volume 20% superior a igual per�odo do ano passado. Pressionado pelo mercado, investidores internacionais e ag�ncias de rating por causa do desempenho das contas p�blicas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prometeu duas vezes, nos �ltimos tr�s anos, que reduziria essa despesa. Isso ainda n�o aconteceu.
Segundo o economista Jo�o Saboia, especialista em mercado de trabalho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os dados levantados pelo Estado podem indicar uma nova atua��o do trabalhador brasileiro com seu emprego: diante do desaquecimento do mercado de trabalho, que continua crescendo mas a ritmo muito mais fraco que o verificado de 2005 a 2013, o trabalhador tem "esticado" sua perman�ncia no trabalho.
"Uma hip�tese � que esses dados indicam isso e, tamb�m, empresas menos dispostas a trocar a m�o de obra, retendo os profissionais por mais tempo, aguardando uma nova tend�ncia, seja ela de crise, algo que parece mais dif�cil, ou de novo ciclo de crescimento", disse.
Recorde. O dado mais elevado de toda a s�rie foi encontrado em mar�o deste ano, quando o tempo mediano de perman�ncia no emprego chegou a 164,5 semanas, ou quase 3,2 anos. No m�s anterior, o indicador apontava 161,1 semanas . Nunca, em 12 anos de dados mensais, esse term�metro havia registrado 160 semanas ou mais.
Para o professor da Universidade de S�o Paulo (USP), especialista em emprego, H�lio Zylberstajn, os dados levantados pelo Estado podem indicar um aumento da formaliza��o no mercado de trabalho. Como a pesquisa do IBGE � feita com trabalhadores formais e tamb�m informais, e o tempo de perman�ncia tem crescido, esse fen�meno pode ser a formaliza��o: "o trabalhador j� desempenhava a fun��o como informal, e depois teve a carteira assinada, e isso prolonga o tempo total na vaga", disse.
"A grande not�cia � o que est� acontecendo neste momento, em 2014", disse Saboia, "porque o ritmo dos �ltimos anos tem sido razoavelmente parecido, e come�ou a subir mais fortemente neste ano." O Estado levantou nos arquivos do IBGE os dados que indicam o tempo "mediano" de perman�ncia no trabalho principal, coletados mensalmente pelos t�cnicos do instituto junto � Pesquisa Mensal de Emprego (PME).
Esse indicador aponta o ponto central dos dados. Isto �, no primeiro trimestre de 2014, metade dos trabalhadores brasileiros estava menos de 161,2 semanas no emprego principal, e outra metade, mais tempo.
Por Jo�o Vilaverde - O Estado de S.Paulo