Mercado interno, Argentina e queda na confian�a explicam recuo
A produ��o de ve�culos no Brasil registrou queda de 18% em maio na compara��o com igual m�s do ano passado. Segundo dados divulgados ontem pela Associa��o Nacional dos Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea), o n�mero total de autom�veis, comerciais leves, caminh�es e �nibus que saiu das montadoras no m�s passado foi de 282,5 mil, 62 mil unidades a menos do que foi produzido em maio de 2013. Considerando s� os ve�culos leves, a produ��o caiu 18,2% em maio ante igual m�s de 2013. � a terceira queda mensal consecutiva em rela��o ao ano passado, refletindo vendas menores no mercado interno e redu��o nas exporta��es por conta de restri��es causadas pela crise cambial da Argentina.
As montadoras brasileiras tamb�m amargam perdas no acumulado do ano. Entre janeiro e maio, foram produzidos 1,35 milh�o de ve�culos, queda de 13,3% em rela��o aos 1,56 milh�o dos primeiros cinco meses de 2013. Em rela��o a abril, houve pequena alta no volume de produ��o, de 1,9%. Nas vendas, a queda chegou a 7,4% ante maio do ano passado, e a 1,2% frente a abril.
Para o presidente da Anfavea, Luiz Moan, a retra��o � decorrente do menor n�vel de confian�a por parte dos consumidores, do mau humor do mercado e da maior seletividade no cr�dito. Al�m das dificuldades para renovar o acordo automotivo com a Argentina, respons�vel pelo destino de 18% da produ��o brasileira, que enfrenta uma aguda crise econ�mica. Ele n�o se mostra otimista, por�m, em rela��o as mudan�as nessas condi��es.
Segundo o dirigente, as conversas com o governo indicam que o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) subir� a partir de julho e que n�o haver� est�mulos ao financiamento. O al�vio no IPI chegou a ser considerado pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), que acenou com a possibilidade de criar um cronograma para adiar os aumentos das al�quotas.
Em outra frente, o Banco Central tamb�m chegou a discutir com os bancos medidas para amenizar dificuldades nos financiamentos de ve�culos, como a cria��o de um fundo para compensar poss�veis calotes e a libera��o de compuls�rio para compra de carteiras de cr�dito de montadoras.
� N�o temos expectativas de novos est�mulos para financiamento e estamos esperando o IPI integral a partir julho. Sinto que no contexto atual, essas medidas n�o ser�o tomadas no curto prazo � disse Moan, lembrando que o percentual do IPI de carros populares, hoje em 3%, dever� subir para 7% em julho, conforme quer �rea econ�mica do governo.
Segundo o executivo, em fun��o do fraco desempenho do setor nos primeiros cinco meses do ano, a entidade far� ajuste para baixo nas proje��es para o ano. No come�o, a expectativa da entidade era de um expans�o de 1,4% na produ��o e de 1,1% nas vendas.
Uma das raz�es para esse �vi�s negativo� para as proje��es de 2014, diz ele, � justamente a possibilidade de volta do IPI. Moan citou um estudo feito pela Anfavea que mostra que para cada ponto percentual de aumento na al�quota do imposto, o pre�o do carro na tabela sobe 1,1% e as vendas, por outro lado, caem 2%.
Sobre o acordo automotivo com a Argentina, ele afirma que � prioridade da Anfavea e fundamental para o aumento das exporta��es brasileiras, que somaram US$ 826,7 milh�es em maio, queda de 28,7% sobre o maio de 2013. Ele disse ainda que espera o anuncio do acordo at� o final da pr�xima semana.
UNICA DEFENDE NOVA MISTURA
Perguntado sobre a inten��o do governo de elevar para 27,5% a mistura de �lcool na gasolina, disse que a avalia��o da Anfavea � de que isso afetar� o desempenho dos ve�culos que funcionam apenas a gasolina (que correspondem a 42% da frota).
� N�o achamos conveniente e n�o apoiamos o aumento da mistura acima de 25%.
A Uni�o da Ind�stria de Cana-de-A��car (Unica), que re�ne os produtores de etanol, disse ontem que considerou a posi��o da Anfavea contra o aumento do percentual de etanol na gasolina de 25% para 27,6%, como �equivocada e precoce, j� que o governo ainda est� analisando estudos que formar�o a base da decis�o final sobre a mistura�.
O diretor Adhemar Altieri, da Unica, afirmou que um aumento de 2,5% do teor de �lcool na gasolina n�o provocar� problema nos motores da frota atual.
� Dizer que o aumento do etanol nesse percentual afetar� os motores, pode-se imaginar ent�o que a ind�stria fabrica autom�veis com pe�as de qualidade baixa � destacou Altieri.
Segundo a Unica, a Anfavea superestima o impacto do aumento da mistura.
* Colaborou Ramona Ordo�ez
Por Lino Rodrigues - O Globo