Decis�o ser� anunciada nesta quarta-feira ap�s as 18h pelo Banco Central. Alta do d�lar e pre�os administrados motivam eleva��o, dizem analistas.

A taxa b�sica de juros da economia brasileira deve voltar aos dois d�gitos nesta quarta-feira (27). A estimativa da maior parte dos analistas do mercado financeiro � que a Selic, hoje em 9,5% ao ano, subir� 0,5 ponto percentual, para 10%. A nova taxa ser� anunciada ap�s as 18h pelo Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central, respons�vel por fixar os juros b�sicos da economia.
Se confirmada, ser� a sexta eleva��o consecutiva da Selic, que n�o alcan�ava os dois d�gitos desde o in�cio de mar�o de 2012.
A discuss�o sobre a capacidade de o Brasil ter uma taxa de juros abaixo de 10% ao ano permeou o debate econ�mico no passado.
A taxa, por�m, foi atingida somente quando o BC afrouxou a pol�tica de juros para combater os efeitos da crise financeira em 2009, entre junho daquele ano e janeiro de 2010.
Posteriormente, novamente por conta dos efeitos da segunda "onda" da crise financeira, os juros abaixo de 10% ao ano voltaram a ser registrados desde 7 mar�o de 2012. O Brasil � um dos poucos pa�ses que est� subindo os juros neste ano.
Novos aumentos em 2014
A expectativa do mercado financeiro � de que a alta dos juros, prevista para esta quarta-feira, n�o seja a �ltima do governo Dilma Rousseff. A previs�o dos economistas dos bancos � de que aconte�am dois novos aumentos em 2014. Segundo a estimativa do mercado, os juros subiriam para 10,25% ao ano em janeiro do ano que vem, patamar no qual permaneceriam at� dezembro de 2014 - quando avan�ariam para 10,50% ao ano.
Metas de infla��o
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pr�-estabelecidas, tendo por base o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).
Para 2013 e 2014, a meta central de infla��o � de 4,5%, com um intervalo de toler�ncia de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, tem afirmado, por�m, que a infla��o teria queda neste ano frente ao patamar registrado em 2012 (5,84%) e novo recuo no ano de 2014.
Discurso da presidente Dilma
A subida recente dos juros e o poss�vel retorno ao patamar de dois d�gitos, nesta quarta-feira, segundo analistas, n�o est� em conson�ncia com uma das principais marcas, at� ent�o, do governo Dilma Rousseff na �rea econ�mica. Mesmo defendendo o controle da infla��o, a presidente da Rep�blica destacou, por diversas oportunidades nos �ltimos anos, a queda dos juros b�sicos e tamb�m pressionou os bancos a reduzirem suas taxas ao consumidor.
Fatores que pressionam a infla��o
De acordo com economistas, alguns fatores seguem pressionando a infla��o, apesar de o Banco Central j� ter subido os juros b�sicos em cinco oportunidades desde abril deste ano, quando a taxa estava em 7,25% ao ano.
Segundo o gestor de investimentos da Lecca, Carlos Haber, a alta do d�lar registrada neste ano vai ser cada vez mais sentida em 2014 nos pre�os (importados mais caros ter�o seus pre�os elevados), al�m da expectativa de crescimento dos pre�os administrados (como gasolina e transporte urbano) - que foram contidos neste ano por conta das manifesta��es populares.
"O governo n�o promoveu um forte ajuste fiscal [conte��o de gastos]. Dificilmente isso vai se concretizar [em 2014] tendo em vista a elei��o no pr�ximo ano. O BC n�o vai ter muita op��o e vai ter de continuar subindo os juros. A pol�tica fiscal [de gastos p�blicos] n�o vai ajudar muito. Ano de elei��o tem muito gasto p�blico. O governo n�o vai conseguir fazer um ajuste fiscal [nas despesas] da forma como deveria", avaliou Carlos Haber.
Fl�vio Combat, do Departamento Econ�mico da corretora Conc�rdia, avaliou que tamb�m existe press�o inflacion�ria por conta do aumento dos sal�rios acima dos ganhos de produtividade e devido ao crescimento do consumo das fam�lias (sustentando pela expans�o da renda). A Conc�rdia lembra ainda que o BC deve considerar em seus modelos, ainda que veladamente, a perspectiva de um iminente reajuste nos pre�os dos combust�veis - que pode ser postergado para dezembro, com impacto relevante sobre a infla��o somente em 2014.
Por Alexandro Martello - G1