Copom sobe juro pela quarta vez seguida e taxa básica vai a 9% ao ano

Objetivo da autoridade monet�ria � tentar conter as press�es inflacion�rias. Alta do d�lar, segundo economistas, impacta os pre�os para cima.

O Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central decidiu  nesta quarta-feira (28), de forma un�nime, elevar a taxa b�sica de juros da economia de 8,5% para 9% ao ano. Esse foi o quarto aumento consecutivo na taxa Selic, que vem subindo desde abril deste ano, o que levou os juros ao maior n�vel desde mar�o de 2012 � quando estavam em 9,75% ao ano.

Com o aumento de 0,5 ponto nos juros b�sicos da economia, o Copom tamb�m confirmou a aposta consensual dos economistas do mercado financeiro. Os analistas projetam ainda mais uma eleva��o neste ano para a taxa de juros, em outubro, que, segundo suas estimativas, dever� fechar 2013 em 9,50% ao ano. Alguns economistas j� preveem, por�m, que os juros podem chegar a 10% ao ano nos pr�ximos meses.

Explica��o

Ao fim do encontro, foi divulgada a seguinte frase: "Dando prosseguimento ao ajuste da taxa b�sica de juros, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 9,00% ao ano, sem vi�s. O Comit� avalia que essa decis�o contribuir� para colocar a infla��o em decl�nio e assegurar que essa tend�ncia persista no pr�ximo ano". Trata-se da mesma explica��o da reuni�o do Copom de julho.

Poupan�a volta a render mais de 6,17% ao ano

Com a nova alta, a caderneta de poupan�a voltar� a render 6,17% ao ano, independentemente da varia��o da Taxa Referencial (TR). Isso acontece porque os juros b�sicos da economia brasileira, fixados pelo Banco Central, avan�aram para 9% ao ano.

At� ent�o, com a Selic em 8,5% ao ano, o rendimento da caderneta de poupan�a, para as "novas aplica��es", estava em 5,95% ao ano, mais a varia��o da taxa referencial � que est� em zero ou pouco acima disso (rendendo, somente para alguns vencimentos, 6,17% ao ano).

Em maio do ano passado, o governo mudou as regras de remunera��o da poupan�a. O rendimento passou a ser atrelado aos juros b�sicos da economia, rendendo 70% da aplica��o, mais a Taxa Referencial, quando a taxa b�sica fixada pelo Banco Central estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano. Isso para aplica��es feitas de 4 de maio de 2012 em diante (nova poupan�a).

Metas de infla��o

Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pr�-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Ao subir os juros, o BC atua para controlar a infla��o e, ao baix�-los, julga, teoricamente, que a infla��o est� compat�vel com a meta. Para 2013 e 2014, a meta central de infla��o � de 4,5%, com um intervalo de toler�ncia de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Entretanto, o pr�prio Banco Central previu, no relat�rio de infla��o divulgado no fim de junho, um IPCA pr�ximo de 6% neste ano. Os dados mostram que a institui��o manteve a taxa b�sica de juros inalterada na m�nima hist�rica, em 7,25% ao ano desde outubro do ano passado, elevando-a somente em abril, mesmo com a deteriora��o do cen�rio de infla��o registrado no primeiro trimestre deste ano. Em doze meses at� julho, o IPCA somou 6,27%

D�lar alto e PIB baixo

Segundo o economista da Tend�ncias Consultorias, Silvio Campos Neto, a alta do d�lar continua pressionando a infla��o no Brasil. "O c�mbio � e tem sido a vari�vel de maior destaque e deve condicionar estas novas decis�es de altas dos juros [pelo Copom]. Os pre�os j� come�am a ter efeito desta mudan�a no c�mbio", declarou o economista.

Analistas lembram que quase 25% dos produtos consumidos em nossa economia s�o importados, resultando em impacto inflacion�rio quando a moeda norte-americana se valoriza. At� meados do m�s de maio, o d�lar operava ao redor de R$ 2 no Brasil. Desde ent�o, por�m, registrou alta e, atualmente, tem ficado mais pr�ximo de R$ 2,35.

Os economistas avaliam que uma alta de R$ 0,10 no pre�o do d�lar poderia ter um impacto de cerca de 0,2 ponto no IPCA deste ano. Deste modo, se o d�lar estava em cerca de R$ 2 antes da sinaliza��o do BC norte-americano e passou, atualmente, para um valor pr�ximo de R$ 2,35, o impacto seria de aproximadamente 0,7 ponto percentual no IPCA.

A alta de juros, segundo economistas, tamb�m pode impactar, entretanto, o crescimento da economia brasileira, que tem sido constantemente revisado para baixo. No fim de 2012, o mercado financeiro estimava que o Produto Interno Bruto (PIB) do pa�s avan�aria 3,30% neste ano. Na semana passada, a previs�o j� havia recuado para um crescimento de 2,20% e j� h� economistas falando em 2% de alta.

Juros reais

Com a decis�o desta quarta-feira do Copom, o Brasil ficou em terceiro lugar no ranking mundial de juros reais (ap�s o abatimento da infla��o prevista para os pr�ximos doze meses), calculado pelo MoneYou, com taxa de 2,8% ao ano, perdendo para a China (3,3% ao ano) e para o Chile (3,1% ao ano).

Em julho, na reuni�o anterior do Copom, o pa�s estava em segundo lugar nos maiores juros reais de todo mundo. "Com a alta na Selic, os juros reais brasileiros se elevam em 0,3 pp e n�o ganham for�a devido �s proje��es de infla��o mais alta", informou o MoneYou.

Por Alexandre Martello - G1