A produ��o da ind�stria voltou a decepcionar no fim do ano passado e levou economistas a rebaixar suas estimativas para o crescimento da economia brasileira n�o apenas em 2013 mas tamb�m neste ano.
Com uma forte queda em dezembro (3,5% ante novembro), a ind�stria fechou o ano com um aumento de 1,2% da produ��o em rela��o a 2012.
O n�mero positivo n�o revela, por�m, um retrato mais positivo do setor, de acordo com analistas.
O n�vel de produ��o da ind�stria chegou a dezembro 7% abaixo do pico de maio de 2011, quando o setor se recuperava da crise de 2008/2009. Sob efeito de f�rias coletivas e paralisa��es nas linhas de produ��o, o setor teve a maior queda mensal desde dezembro de 2008 (-12,2%).
"Desde 2011, o retrato � praticamente de uma estagna��o", disse o economista Fl�vio Serrano, do banco de investimento Esp�rito Santo.
A produ��o, naquele ano, aumentou 0,4%, caiu 2,5% em 2012 e, no ano passado, voltou a crescer, mas em menor intensidade (1,2%).
"N�o foi negativo, mas foi decepcionante. N�o deu para recuperar o terreno perdido", disse Luis Ot�vio Leal, do banco ABC Brasil.
O analista observa que, no in�cio do ano, a previs�o de economistas era de uma alta de 3% na produ��o. "Havia a expectativa de uma recupera��o natural, com a ajuda dos caminh�es. Mas nem assim foi suficiente."
O governo tentou impulsionar o setor, prorrogou a redu��o do IPI de ve�culos e eletrodom�sticos, ofereceu juros muito baixos para a compra de m�quinas e equipamentos e zerou o imposto sobre a folha de pagamentos de mais de 50 atividades.
Isso afetou a arrecada��o do governo, mas teve pouco impacto no desempenho geral da ind�stria.
"Os incentivos mostraram pouca efic�cia ante os problemas estruturais do setor", disse Silvia Matos, da FGV.
A ind�stria tem sofrido com a competi��o de importados, tanto no mercado interno quanto no exterior. Custos mais altos para a produ��o local, como energia e m�o de obra mais caras, s�o queixas recorrentes de empres�rios.
Para Andr� Perfeito, da Gradual Investimentos, a recente desvaloriza��o do real ante o d�lar produziu efeitos.
"Por mais que n�o se acredite que o c�mbio por si s� pode colocar no lugar defici�ncias dom�sticas, � bom observar que o sal�rio em d�lares do brasileiro caiu entre 2010 e 2013 algo como 19%", escreveu em relat�rio. "Algum al�vio poder� ser sentido nos pr�ximos meses."
Outro alento pode ser a recupera��o dos EUA, com seu potencial consumo de produtos manufaturados do Brasil. A dificuldade, entretanto, � saber como a Argentina reagir� � crise. O vizinho � o terceiro maior importador brasileiro e compra mais de 90% de produtos industriais.
Prevendo dificuldades e um ritmo lento da atividade na virada de 2013 para 2014, Silvia Matos diz que deve rever a proje��o de crescimento do PIB neste ano de cerca de 1,8% para 1,5%.
"O crescimento do ano passado tamb�m foi mais fraco e est� mais perto de 2%."
Outras consultorias e bancos tamb�m informaram que est�o refazendo contas e devem rebaixar suas estimativas. Isso porque o resultado de dezembro veio bem abaixo do esperado.
A Rosemberg & Associados reviu a proje��o de crescimento neste ano de 2,5% para 2,1% e afirma que a estimativa de 2013 tamb�m foi cortada. O Ita� informou que "o risco de baixa para o crescimento do primeiro trimestre [de 2014] se elevou".

Por Mariana Carneiro e Pedro Soares - Folha de S.Paulo