A crise financeira iniciada em 2008 expulsou do mercado de trabalho 62 milh�es de pessoas no mundo e, hoje, 202 milh�es de pessoas est�o desempregadas, o equivalente a um Brasil inteiro. Enquanto isso, uma elite composta por apenas 85 indiv�duos controla o equivalente � renda de 3,5 bilh�es de pessoas no mundo.
Dados divulgados na segunda-feira, 20, pela Organiza��o Internacional do Trabalho (OIT) e pela entidade Oxfam revelam o impacto social da crise de 2008. Meia d�cada depois do colapso dos mercados, os ricos est�o mais ricos e a luta contra a pobreza sofreu forte abalo. Hoje, 1% da popula��o mundial tem metade da riqueza global.
Os levantamentos foram publicados na v�spera do F�rum Econ�mico Mundial, que come�a na quarta-feira, 22, em Davos. Pela primeira vez nos mais de 40 anos da entidade, os organizadores reconhecem a desigualdade como o maior risco para o planeta.
Para a OIT e a Oxfam, a crise mundial gerou uma concentra��o de renda in�dita no mundo rico nos �ltimos 70 anos e fez o n�mero de desempregados bater recorde. O que mais preocupa as entidades � que a recupera��o da economia n�o est� sendo seguida por uma gera��o de postos de trabalho e a previs�o � de que, em 2018, 215 milh�es de pessoas n�o ter�o emprego. "A crise � muito s�ria e o n�mero de desempregados continua a subir", disse Guy Ryder, diretor-geral da OIT. "Precisamos repensar todas as pol�ticas. A crise n�o vai acabar at� que as pessoas voltem a trabalhar."
Em 2013, mais 5 milh�es perderam o emprego, principalmente na �sia. Desde 2008, um volume extra de 32 milh�es de pessoas busca trabalho, sem sucesso. Mas outras 30 milh�es de pessoas simplesmente abandonaram o mercado de trabalho e desistiram de procurar empregos. S� em 2013, foram 23 milh�es. "Essas s�o taxas inaceit�veis", disse Ryder. Hoje, a taxa de desemprego global � de 6%. Por enquanto, n�o h� sinal de queda do desemprego na Europa, enquanto outras regi�es come�aram a registrar aumento.
Jovens
Outra preocupa��o da OIT � com o fato de que 13,1% dos jovens do mundo continuam sem emprego - 74,5 milh�es de pessoas. Apenas em 2013, 1 milh�o de jovens perderam seus trabalhos. Mesmo entre os empregados, a situa��o nem sempre � adequada. Segundo a OIT, 375 milh�es de pessoas ganham menos de US$ 1,25 por dia. Outros 839 milh�es ganham menos de US$ 2.
O que a OIT registrou ainda � que os esfor�os de redu��o da pobreza foram afetados pela crise. Em m�dia, o n�mero de pessoas que ganhavam menos de US$ 2 por dia ca�a em m�dia 12% ao ano. Em 2013, a redu��o foi de apenas 2,7%.
Enquanto a luta contra a pobreza perde for�a, dados da Oxfam mostram que a disparidade social no planeta ganhou for�a desde 2008, quando a crise mundial afetou em especial as classes m�dias. Hoje, as 85 maiores fortunas do mundo somam US$ 1,7 trilh�o, a mesma renda de metade da popula��o. O grupo de 1% mais rico tem renda 65 vezes superior aos 50% mais pobres. 70% da popula��o vive hoje em pa�ses onde a desigualdade aumentou nos �ltimos 30 anos. "As elites globais est�o mais ricas e a maioria da popula��o mundial est� exclu�da", diz o informe.
Cerca de 10% da popula��o mundial controla 86% dos ativos do planeta. Os 70% mais pobres controlam apenas 3%. Nos EUA, 95% do crescimento gerado ap�s a crise de 2008 ficou nas m�os de 1% da popula��o. Os dez mais ricos da Europa mant�m fortunas equivalentes a todos os pacotes de resgate aos pa�ses da regi�o entre 2008 e 2010 - cerca de 200 bilh�es.
No que se refere ao Brasil, a Oxfam aponta para o "significativo sucesso" em reduzir as desigualdades gra�as a investimentos p�blicos e aumento de sal�rio m�nimo em mais de 50% desde 2003. Ainda assim, o Brasil � a economia onde a renda dos pais mais determina o sucesso dos filhos. A Dinamarca e Su�cia est�o no lado oposto da tabela.
Para Winnie Byanyima, diretora da Oxfam, o controle da economia mundial por um pequeno grupo n�o ocorreu por acaso. "A concentra��o de renda aconteceu por um processo em que a elite levou o processo pol�tico a desenhar regras no sistema econ�mico que a favorecessem."
Fonte: O Popular