Na busca de aliados. Depois de ver rela��o com centrais estremecida por causa de embates durante greves, presidente segue conselho de Lula, recebe grupos organizados no Planalto e deve anunciar pacote de bondades at� o Dia do Trabalho, em 1� de maio
A presidente Dilma Rousseff seguiu o conselho de seu antecessor e padrinho pol�tico, Luiz In�cio Lula da Silva, e iniciou um processo de reaproxima��o com as centrais sindicais. A agenda presidencial evidencia a nova estrat�gia: ap�s dois anos sem muito espa�o para reuni�es com sindicalistas, Dilma tem tido agora uma s�rie de encontros do g�nero.
S� na semana passada, recebeu dois presidente de centrais sindicais - Vagner Freitas, da Central �nica dos Trabalhadores (CUT), e Ricardo Patah, da Uni�o Geral dos Trabalhadores (UGT). No dia 12 ela deve participar da inaugura��o da nova sede do Sindicato dos Comerci�rios de S�o Paulo, filiado � UGT e representante de um setor com cerca de 400 mil trabalhadores. A data foi acertada diretamente entre o Planalto e os organizadores.
Tamb�m n�o est� descartada a possibilidade de, amanh�, ao t�rmino da 7.� Marcha das Centrais Sindicais, em Bras�lia, Dilma receber os sindicalistas no Planalto. At� ontem a agenda presidencial n�o registrava o compromisso, mas os sindicalistas n�o descartavam a hip�teses do encontro.
Em outros anos, Dilma sempre preferiu delegar miss�es desse tipo ao secret�rio-geral da Presid�ncia, Gilberto Carvalho. Por causa disso, eram quase invari�veis nas centrais as cr�ticas ao seu estilo. Nos confrontos entre o governo e os funcion�rios p�blicos, na greve que estes realizaram em meados do ano passado, eram comuns as compara��es entre a presidente e Lula - todas sempre desfavor�veis a ela.
O esfor�o de aproxima��o do Planalto com as centrais deve ir al�m de cumprimentos e reuni�es. Paralelamente, o Planalto est� reunindo ministros de diferentes �reas para analisar as principais reivindica��es dos trabalhadores e verificar quais podem ser atendidas a curto prazo.
De acordo com alguns l�deres sindicais, o governo corre para fazer o an�ncio de alguma "boa novidade" at� o Dia do Trabalho, comemorado em 1.� de maio.
Gentilezas. Filiado ao DEM, o presidente da UGT, Ricardo Patah, sempre integrou o coro dos que criticavam o distanciamento entre Dilma e as centrais. Na quinta-feira passada, por�m, ao deixar o Planalto, a opini�o dele j� era outra. Saiu "encantando" com as aten��es que ele e seus acompanhantes, entre os quais quatro deputados ligados � central, receberam da presidente.
O encontro, programado para durar uma hora, estendeu-se por uma hora e meia. Dilma interessou-se particularmente pelos problemas enfrentados pelos motoboys, uma das categorias em que a UGT tem maior penetra��o, e, ali mesmo, determinou a Gilberto Carvalho a organiza��o de um grupo interministerial para estudar essa quest�o.
"Eu sempre tive contato com o Lula, que recebia as lideran�as sindicais pelo menos uma vez por m�s, visitava sindicatos e chegou a ir ao congresso anual da UGT. Com a Dilma sempre foi diferente, mas dessa vez ela nos surpreendeu", diz Patah.
"Ela nos recebeu com muita aten��o, ouviu nossas reivindica��es e opini�es sobre a pol�tica econ�mica do governo. Dissemos a ela, por exemplo, que n�o � correto desonerar a folha de pagamento das empresas sem exigir contrapartidas dos empres�rios, para garantir o n�vel de emprego. Foi um encontro hist�rico, na minha avalia��o."
Dois dias antes de Patah, a presidente havia recebido Vagner Freitas de Moraes, presidente da CUT, a maior central do Pa�s, historicamente pr�xima do PT. Moraes tamb�m notou a mudan�a, mas n�o viu nela nenhuma "altera��o de rota". "Acho que a presidente est� aprimorando as pol�ticas de um governo exitoso. Sempre dissemos a ela que os resultados das a��es s�o melhores quando se fala diretamente com os interlocutores da sociedade", diz. "N�o � uma atitude eleitoreira nem oportunista, mas sim uma evolu��o."
Segunda maior central do Pa�s, a For�a Sindical, do deputado Paulo Pereira da Silva, � a exce��o (mais informa��es abaixo).
Tend�ncia. Al�m de tentar se reaproximar dos sindicalistas, Dilma mudou a atitude com outros setores tamb�m. Passou a receber mais empres�rios, al�m de ter estreitado rela��es com o MST, outro hist�rico aliado do PT, ao visitar neste ano um assentamento rural ligado � organiza��o.
Por Rold�o arruda - O Estado de S.Paulo