Presidente orienta ministros para que evitem tens�es com empres�rios, pol�ticos e sindicatos

A presidente Dilma Rousseff est� empenhada em reverter parte dos desgastes mais recentes de sua gest�o. Em conversas reservadas, tem orientado seus principais ministros e operadores pol�ticos a evitar "movimentos bruscos" que provoquem mais tens�o com empres�rios, trabalhadores, sindicatos, movimentos sociais e a base de apoio parlamentar. Ela pr�pria j� iniciou esfor�o de aproxima��o com l�deres da coaliz�o governista no Congresso ao receber nesta semana, no Planalto, deputados e senadores aliados.
Em relatos mais realistas ouvidos de auxiliares da presidente, parte do governo admite que 2013 n�o produzir� resultados vistosos ou expressivos o suficiente para manter uma posi��o negociadora favor�vel a Dilma neste ano. A partir de abril, quando ficaram mais evidentes os estragos da infla��o na economia, come�aram a ruir as previs�es otimistas para o ano.
Agora, o Planalto trabalha com um cen�rio bem menos animador. Em resumo: crescimento m�ximo do Produto Interno Bruto (PIB) a 2%; infla��o ao redor de 6%; nova "banda" de flutua��o para o d�lar, agora na casa dos R$ 2,30; super�vit prim�rio de 2% e juros b�sicos entre 9% e 9,5% em dezembro.
Diante da situa��o pouco animadora, a ordem � evitar "ru�dos", esfriar os �nimos e restringir os contenciosos ao essencial nesta reta final de um ano dif�cil para o governo na economia e bastante tumultuado na pol�tica. "Este ano n�o � nada parecido com 2010, que tinha 2011 em seguida. "Agora, o que tem � 2014", disse ao Estado uma graduada fonte oficial. � uma refer�ncia ao vigoroso salto de 7,5% no PIB de 2010, quando o Pa�s viveu o auge da recupera��o da crise global de 2008 no �ltimo ano de mandato de Luiz In�cio Lula da Silva. No ano seguinte, por�m, o PIB fraquejou, crescendo 2,7%. "Agora, se repetirmos isso, est� bom demais", arremata uma autoridade.
Imagem. Na avalia��o mais atual do Planalto, � desnecess�rio, "e perigoso", alimentar projetos cujo significado simb�lico cause mais danos � avariada imagem da gest�o. Nessa lista, est�o a rejei��o � redu��o de direitos de trabalhadores e a propostas que levantem novas d�vidas sobre a qualidade das contas p�blicas.
Por isso, a "prioridade zero", informa uma autoridade, � colocar em pr�tica programas de forte apelo popular, como Mais M�dicos, Pronatec (ensino t�cnico) e Brasil sem Mis�ria. Na pol�tica, a prioridade � liberar os R$ 6 bilh�es das emendas parlamentares e manter a conversa peri�dica com o l�deres governistas no Congresso.
A inten��o declarada, segundo esse relato, � manter o pa�s em uma "posi��o intermedi�ria" na economia. J� que n�o ser� poss�vel crescer muito, melhor ser� faz�-lo sem correr grandes riscos nem levantar muita poeira. A infla��o, avalia-se, ficar� sob controle neste segundo semestre. Salvo por um problema clim�tico que afete os pre�os das commodities agr�colas.
Crescimento adequado. O PIB, mesmo ficando abaixo das previs�es otimistas do ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve ajudar Dilma a entrar o ano das elei��es em um ritmo "mais adequado e realista", em sintonia com o desempenho da economia global. O Planalto aposta, ainda, na retomada da confian�a de empres�rios e consumidores na economia.
Alguns �ndices j� apontariam, segundo o governo, para uma �nimo renovado da popula��o. Vista como centralizadora e pouco afeita �s negocia��es pol�ticas cotidianas, a presidente Dilma tenta agora evitar uma piora na "conflagra��o", segundo express�o corrente no Planalto, da coaliz�o governista no Congresso. Dilma teme a derrubada de vetos presidenciais a projetos que oneram as contas p�blicas j� em s�rias dificuldades.
Al�m disso, est� marcada para 30 de agosto uma greve geral convocada pelas centrais sindicais que, mesmo desidratadas, real�am a piora da rela��o do governo do PT com sua base social. H�, ainda, preocupa��o com o sucesso do programa de concess�es de infraestrutura e sua liga��o com as dificuldades para estimular o crescimento econ�mico.
Nessa mesma linha de driblar "ru�dos", est� em curso um esfor�o para evitar novas manobras cont�beis na tentativa de recuperar a credibilidade e a confian�a nas contas oficiais. H� objetivos essenciais, de curt�ssimo prazo, como evitar rombos ao Tesouro derivados da derrubada de alguns vetos presidenciais, como o que manteve a multa adicional de 10% do FGTS nas demiss�es sem justa causa.
Por Mauro Zanatta - O estado de S.Paulo