Com apoio do Sindicato dos Metalúrgicos, 170 demissões foram evitadas com a empresa implantando layoff

A taxa básica de juros (Selic), atualmente no patamar de 13,75% ao ano, já bateu na porta do setor industrial brasileiro. As montadoras de veículos e máquinas agrícolas, que enfrentaram muitas dificuldades na pandemia de Covid-19, voltaram a conviver com problemas, por causa dos juros altos, que estão freando o consumo. Algumas fábricas paralisaram suas produções, colocando os funcionários em férias coletivas e outras já estão fazendo demissão em massa.

Em Catalão, trabalhadores da John Deere protestaram contra a alta dos juros, na última quarta-feira (05). De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão (SIMECAT), Carlos Albino, durante a negociação da Campanha Salarial 2023-2024, da John Deere, a empresa comunicou o fechamento do turno noturno, com cerca de 200 funcionários, a partir de agosto. Durante uma assembleia de protesto, o sindicato afirmou que tentaria fechar o acordo coletivo com resultados positivos, mas que a maior preocupação seria evitar uma demissão em massa.

Após várias reuniões, a John Deere fechou a negociação com o SIMECAT e aceitou a sugestão de implantação da layoff (suspensão temporário de contrato, com parte do salário paga pelo Governo Federal e parte pelo empregador). Haverá o desligamento de 30 trabalhadores, mas 170 vão entrar nesse sistema, por pelo menos dois meses.

“Conseguimos aumento de salário de 4,5%, mesmo valor para o vale-alimentação, vale-alimentação em dobro no Natal, abono de R$ 800, entre outros benefícios, mas o mais importante foi evitar uma demissão em massa, pois esses trabalhadores vão voltar para casa com seus empregos garantidos, por pelo menos mais dois meses. Até lá, esperamos dias melhores”, destacou o presidente do SIMECAT.

Ele lembrou que em abril deste ano, 48 trabalhadores foram demitidos pela John Deere, e 70 entraram em layoff. No ano passado, em janeiro, ocorreram 85 demissões. Para o sindicalista, a baixa da taxa de juros é essencial para garantia de empregos, se não, o cenário continuará sendo o mesmo.

“As montadoras estão paralisando produção, colocando funcionários em férias coletivas, demitindo pais de família. Os pátios estão lotados, tudo por causa da recessão, por causa da alta de juros, porque as empresas não estão vendendo. Os pátios estão lotados. Quem vai financiar um carro? Quem vai financiar uma máquina? O país precisa produzir, girar a economia, precisa crescer. A taxa Selic precisa ser revista, tem que baixar”, protestou Carlos Albino.

Lara Cristina Alves

Assessoria de Imprensa SIMECAT