Em dia de manifestações, Senado mantém agenda, mas faz reflexão

A manifesta��o que reuniu mais de 25 mil pessoas na Esplanada dos Minist�rios n�o impediu que o Senado funcionasse normalmente nesta quinta-feira (20). Ainda pela manh� e j� sob a expectativa dos protestos, as comiss�es se reuniram. � tarde e � noite, senadores se revezaram na tribuna para tratar de assuntos diversos e, principalmente, comentar as manifesta��es.

Enquanto houve manifestantes no gramado em frente ao Pal�cio do Congresso, um grupo reduzido de senadores se revezava na tribuna em uma esp�cie de "vig�lia" para refletir sobre os protestos que reuniram nesta quinta pelo menos um milh�o de pessoas em cerca de 100 cidades.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que este foi um dia hist�rico para o pa�s. Para Randolfe, o Senado e a C�mara deveriam abrir suas galerias para receber os manifestantes e ouvir suas reivindica��es. O senador Jos� Agripino (DEM-RN) afirmou que as manifesta��es v�o se avolumar e que � imposs�vel dizer onde v�o terminar.

Na vis�o do senador Pedro Simon (PMDB-RS), a aus�ncia dos partidos nas manifesta��es � sinal de rep�dio � velha pol�tica. Na mesma linha, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) afirmou que os protestos s�o um recado para os pol�ticos de que a popula��o n�o acredita mais nos partidos e apontam a necessidade de uma reforma pol�tica. Para a senadora Ana Am�lia (PP-RS), o aspecto mais not�vel das mobiliza��es populares que tomam conta do pa�s � que os protestos s�o realizados sem lideran�a.

De acordo com o senador Pedro Taques (PDT-MT), os avan�os sociais e econ�micos dos �ltimos anos n�o foram suficientes para fazer com que a popula��o deixasse de depender dos servi�os p�blicos. Avan�os na educa��o e na sa�de est�o entre os temas das reivindica��es das passeatas. O senador Acir Gurgacz (PDT-RO) ressaltou que a sa�de � uma das principais bandeiras de seu mandato e dos protestos.

- Como nos diz o clamor das ruas, mais do que est�dios, precisamos de hospitais, de escolas e de profissionais qualificados para atuarem nesses setores vitais para a sa�de do nosso povo e a forma��o de nossa Na��o � concluiu.

Humildade

O presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que o Parlamento continua �aberto ao povo� e ressaltou que � preciso ter a humildade e a compreens�o de que a pol�tica tem que se reinventar sempre.

- Acho que a maior demonstra��o de humildade que o Parlamento pode dar, como casa do povo, � estabelecer uma nova agenda em fun��o das manifesta��es � concluiu.

O deputado Andr� Vargas (PT-PR), 1� vice-presidente da C�mara, explicou que n�o foi poss�vel ouvir pessoalmente os pleitos dos manifestantes em raz�o da dificuldade para identificar seus representantes. Ele reiterou, por�m, que o Congresso est� aberto ao di�logo com os participantes do protesto.

Muitas bandeiras

Os manifestantes desta quinta-feira � uma multid�o tr�s vezes maior que a reunida na �ltima segunda-feira � come�aram a chegar em frente ao Congresso Nacional por volta das 17h30. Com cartazes, narizes de palha�o ou m�scaras, se expressavam contra a corrup��o, os gastos excessivos com a Copa do Mundo e a PEC 37 (que limita o poder do Minist�rio P�blico), entre outras bandeiras.

Uma das v�rias estudantes que esteve no gramado em frente ao Congresso, Nat�lia Di�genes foi � manifesta��o enrolada em uma bandeira do Brasil. Ela disse estar l� para �lutar pela Na��o e tentar mudar o que est� errado�.

� O pa�s tem uma economia excelente, mas a popula��o est� sofrendo. A educa��o est� cada vez pior, a seguran�a tamb�m � afirmou.

Muitos defendiam causas mais espec�ficas, como Tatiane Novais, que � contra a PEC 33, proposta de emenda � Constitui��o que submete � avalia��o do Congresso determinadas decis�es do Supremo Tribunal Federal. Ou a biom�dica Bruna Helena, que junto com colegas de profiss�o criticou o Ato M�dico, cujo projeto foi aprovado nesta quarta-feira (19) pelo Senado.

J� Carolina, de 16 anos, fazia parte de um grupo de adolescentes que protestava contra a homofobia e contra o projeto da �cura gay�, que tramita na C�mara, enquanto Maria Lu�za J�nior, de 58 anos, criticava �o genoc�dio da juventude negra no pa�s�.

Para Tatiana Novais, as recentes manifesta��es fazem parte de uma evolu��o muito lenta e �boa parte dos manifestantes nem sabe exatamente por que est� aqui, mas sabem que querem mudan�a�.

Houve v�rios momentos de tens�o e focos de viol�ncia, como a invas�o e o apedrejamento do Pal�cio do Itamaraty e da Catedral de Bras�lia, mas a maioria dos manifestantes agiu pacificamente e reagia a qualquer sinal de viol�ncia com gritos de �Sem viol�ncia!� e �Sem vandalismo!�.

A universit�ria Lorraine, por exemplo, foi entrevista pela Ag�ncia Senado logo ap�s discutir com um rapaz que estava queimando um cone de pl�stico. Ela disse que o movimento � pac�fico e �quem sai queimando as coisas n�o pode ser chamado de manifestante�.

Por Ag�ncia Senado