Incertezas levam empresas de Goi�s a reduzir os investimentos e assim diminuir cria��o de vagas

O processo inflacion�rio desencadeado neste ano e o cen�rio de incerteza sobre a manuten��o dos incentivos fiscais concedidos por Estados como Goi�s, para fomentar investimentos, fizeram o setor produtivo goiano pisar no freio da gera��o de empregos no primeiro trimestre.
O n�mero de novas vagas de trabalho abertas no Estado acumulou entre janeiro e mar�o um saldo de 29.132 postos � o menor dos �ltimos quatro anos. O indicador encerrou o per�odo com um desempenho de 8.032 vagas em mar�o � o pior em cinco anos para o m�s (veja quadro).
Os dados s�o do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Minist�rio do Trabalho e Emprego (MTE). Apesar da varia��o do primeiro trimestre de 2013 ser positiva, o cen�rio pode ser considerado de aten��o, segundo analistas, por conta da influ�ncia de fatos da economia nacional.
O economista Juan Martins explica que a infla��o acumulada em Goi�s, de 1,83%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), � uma poss�vel causa para a perda de ritmo dos investimentos pelo setor produtivo e consequente desaquecimento da gera��o de postos de trabalho.
�O custo de vida mais alto fez as fam�lias regularem a demanda. O reflexo disso foi cautela do setor produtivo em fazer novos investimentos que possivelmente gerariam novos empregos no Estado. Por outro lado, o aumento dos pre�os impactou o custo da mat�ria prima da ind�stria, que � o maior gerador de emprego do Estado�, avalia.
O economista lembra que o desempenho do primeiro trimestre do Estado � o menor desde 2009 � ano do pique da crise financeira internacional. �Naquele ano, as empresas seguraram os investimentos, o que afetou a gera��o de empregos. Neste ano, n�o temos uma crise como aquela.�
O economista e professor da Pontif�cia Universidade Cat�lica de Goi�s (PUC-GO), Paulo Borges, frisa que a recente discuss�o sobre a redu��o da al�quota do ICMS sobre as opera��es interestaduais, de 12% para 7%, que est� em discuss�o no Senado Federal deste o in�cio do ano, tamb�m interfere.
�Essa indefini��o gera inseguran�a jur�dica. As empresas ficam na d�vida sobre a convalida��o dos incentivos (que perder�o os efeitos com a redu��o da al�quota) e retrai investimentos. Isso afeta a gera��o de emprego. As empresas podem ficar sem horizontes. Estamos vivendo um momento de preocupa��o.
DESEMPENHO
Dos quatro setores l�deres na gera��o de emprego (ind�stria, com�rcio, servi�os e agricultura), respons�veis por mais de 90% das novas vagas surgidas no Estado, a agricultura foi a que apresentou o maior crescimento porcentual no trimestre (5,34%), gerando 4.764 postos diretos.
A justificativa para este processo est� na colheita da safra de gr�os, que teve in�cio em meados de janeiro e atingiu seu pico em mar�o. O analista de mercado da Federa��o da Agricultura do Estado de Goi�s (Faeg), Pedro Arantes, diz que a colheita gera empregos dentro e fora das propriedades.
�Tem-se oferta de empregos de operadores de m�quina dentro das propriedades, mas tamb�m tem a movimenta��o gerada fora com transporte e armazenagem. Por isso, tivemos o maiores crescimentos porcentual. Esperamos continuar assim, com i in�cio da safra de cana, no segundo trimestre�, diz.
Apesar do avan�o porcentual da agricultura, em termos quantitativos, o setor de servi�os foi o que fechou o primeiro trimestre do ano com o maior saldo no Estado: 10.085 novos postos. Parte deste desempenho est� associada ao aumento do sal�rio m�nimo, que injetou mais recursos no setor, permitindo o avan�o dos empregos.
O presidente da Fecom�rcio, Jos� Evaristo dos Santos, afirma que as promo��es e liquida��es tamb�m movimentaram as contrata��es. �Muitos tempor�rios foram efetivados com as regula��es de estoque. O mercado continuou aquecido no setor de com�rcio e servi�os neste ano e deve seguir assim no pr�ximo�, prev�.
A ind�stria da transforma��o, por sua vez, fechou o trimestre com 8.866 postos de trabalho � o segundo maior �ndice. O assessor t�cnico da Federa��o das Ind�strias do Estado de Goi�s (Fieg), Wellington Vieira, explica que em janeiro a ind�stria desacelera as contrata��es e retoma em fevereiro, quando come�a a chegar mat�ria-prima nova, vinda do campo.
�A partir de mar�o, a ind�stria come�a a contratar m�o de obra para a safra da cana de a��car. A constru��o tamb�m retoma ritmo com o fim das chuvas, puxando outras cadeias�, diz Wellington.
Por Ricardo C�sar - O Popular