Participa��o passou de 12,5% em 2000 para 18,2% em 2011; setor tem sido beneficiado por pol�ticas de est�mulo desde a d�cada de 50; no mesmo per�odo, a ind�stria de transforma��o perdeu espa�o, caindo de 17,2% para 14,6%
Os incentivos do governo � ind�stria automobil�stica levaram ao crescimento do setor na �ltima d�cada. Mas os ganhos de produ��o das montadoras, beneficiadas por pol�ticas espec�ficas desde a d�cada de 50, n�o se disseminaram pelo restante dos segmentos produtivos, mostra estudo feito a pedido do �Estado�. A ind�stria pesada perdeu espa�o na economia.
A participa��o do setor automotivo no Produto Interno Bruto (PIB) da ind�stria saltou 45,6% em 11 anos, passando de 12,5%, em 2000, para 18,2%, em 2011, apontou o estudo, conduzido pela professora Nara Simone Roehe, especialista em pol�ticas industriais para o setor automotivo e doutora pela PUC do Rio Grande do Sul.
No mesmo per�odo, a ind�stria de transforma��o perdeu 15,1% de sua participa��o no PIB total. A fatia caiu de 17,2% para 14,6%, de acordo com os dados das Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Em 2012, a participa��o ficou ainda menor, apenas 13,3%.
O crescimento do peso da ind�stria automobil�stica p�e lenha na fogueira do debate sobre as pol�ticas industriais. Em mar�o, ao anunciar a prorroga��o do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido at� o fim do ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, justificou os incentivos citando a import�ncia da ind�stria automotiva, que representaria 25% da produ��o industrial.
Segundo o IBGE, apenas a fabrica��o de ve�culos automotores - sem considerar a cadeia - respondeu por 9,8% da produ��o industrial em 2012, contra 7,3% em 2003. Independentemente dos n�meros, para os cr�ticos, os custos superaram os benef�cios. "As pol�ticas de hoje s� incentivam o consumo e a montagem. � uma pol�tica horizontal, n�o existe nada vertical", diz Nara Simone.
Opini�es a parte, a trajet�ria do setor automotivo se confunde com a pr�pria industrializa��o do Pa�s, na d�cada de 1950. At� o fim daquela d�cada, a ind�stria come�aria a engatinhar com nove empresas, apenas tr�s fabricando carros: as americanas General Motors (GM) e Ford e a alem� Volkswagen.
Como primeiro incentivo, em 1952, restri��es � importa��o foram introduzidas progressivamente, incentivando a fabrica��o local. A prote��o � ind�stria local, tradicionalmente, � o primeiro passo das pol�ticas industriais - e, na vis�o dos cr�ticos, deve sempre ser tempor�ria.
Quase 60 anos depois, em 2011, o governo elevou o IPI sobre carros importados em at� 30 pontos porcentuais, atraindo cr�ticas fora do setor automobil�stico e dando muni��o para contesta��es de pa�ses como Estados Unidos, Jap�o, Coreia do Sul e da Uni�o Europeia, que poder�o recorrer �s institui��es internacionais de com�rcio, como revelou o Estado no �ltimo domingo.
O caminho das pol�ticas para a ind�stria automotiva, por�m, teve altos e baixos. Ap�s o impulso inicial nos anos 1950, nos anos 1960 e 1970 o setor seria mais beneficiado pelo boom generalizado do "milagre econ�mico" da ditadura. Na d�cada de 1980, cairia no ostracismo da "d�cada perdida".
Apenas com a estabiliza��o dos anos 1990, o incentivo espec�fico � ind�stria automotiva seria retomado, com foco na descentraliza��o geogr�fica. Hoje, os polos automotivos espalharam-se por Rio Grande do Sul, Paran�, Sul Fluminense, Bahia e, mais recentemente, Pernambuco.
Segundo a Anfavea, entidade representante do setor, em 2012 havia 53 f�bricas em 9 Estados, de 26 empresas entre fabricantes de autom�veis, ve�culos comerciais leves, caminh�es e �nibus - 9 produzem carros de passeio. Com 3,3 milh�es de unidades produzidas, o Pa�s � o sexto maior produtor do mundo.
Quarto maior. Enquanto isso, o Pa�s retomou o crescimento econ�mico e da renda. Na esteira da emerg�ncia da "classe C", assumiu a posi��o de quarto maior mercado automobil�stico do mundo, atr�s de China, Estados Unidos e Jap�o, pela ordem, segundo a Oica, entidade mundial de fabricantes de ve�culos.
Essa condi��o atrai investimentos. Mapeamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) aponta que a ind�stria automotiva investir� R$ 63 bilh�es de 2013 a 2016, 50% acima do no ciclo de 2012 a 2015.
Embora o an�ncio de investimentos coincida com o Inovar-Auto, a nova edi��o do Regime Automotivo, alguns atores da ind�stria destacam a import�ncia do movimento global. Com a crise mundial, a demanda nos pa�ses desenvolvidos est� no limite e os mercados emergentes s�o um alvo natural.
"Atualmente, temos grandes dificuldades na Europa", afirmou o presidente mundial da PSA Peugeot Citr�en, Philippe Varin, na inaugura��o da expans�o da f�brica do grupo em Porto Real (RJ), no fim de janeiro.
Segundo o executivo, Brasil, R�ssia e China s�o centrais na estrat�gia de elevar a 50% a fatia das vendas fora da Europa at� 2015. Em 2012, os mercados fora da Europa responderam por 38% das vendas do grupo, contra 24% em 2009.
Por Daniela Amorim e Vinicius Neder - O Estado de S.Paulo