Indústria tem em 2013 déficit comercial de US$ 105 bilhões, o maior da história

No ano passado, exporta��es de produtos manufaturados ficaram em US$ 93 bilh�es, enquanto as importa��es somaram US$ 198 bilh�es; para especialistas, n�meros reiteram o diagn�stico da perda de competitividade da ind�stria brasileira

A balan�a comercial brasileira de produtos industrializados teve no ano passado o maior rombo da hist�ria. O d�ficit dos manufaturados atingiu US$ 105,015 bilh�es, resultado de exporta��es de US$ 93,090 bilh�es e importa��es de US$ 198,105 bilh�es, segundo dados do Minist�rio do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior (MDIC). Em 2012, o d�ficit de manufaturados foi de US$ 94,162 bilh�es.

O d�ficit do grupo dos produtos industrializados come�ou a ser registrado em 2007 e aumenta a cada ano desde 2010 (ver quadro). O rombo da ind�stria mostra que nem mesmo a desvaloriza��o do real em rela��o ao d�lar no ano passado - mais de 15% - e o Regime Especial de Reintegra��o de Valores Tribut�rios para as Empresas Exportadoras (Reintegra) foram suficientes para ajudar na competitividade da produ��o brasileira.

"H� um consenso de perda da competitividade da ind�stria brasileira. S�o problemas em grande medida provenientes dos custos adicionais de log�stica e falta de inova��o", diz Ricardo Markwald, diretor-geral da Funda��o Centro de Estudos do Com�rcio Exterior (Funcex). As transa��es da ind�stria tamb�m perderam espa�o por causa dos poucos acordos comerciais firmados pelo governo brasileiro, afirma Markwald. "Os acordos assinados pelo Brasil s�o com pa�ses pequenos, como Palestina, Israel e Egito. Outros pa�ses foram mais ativos nessa assinatura de acordos e t�m benef�cios tarif�rios em diversos mercados."

Como reflexo do momento ruim da ind�stria, os produtos manufaturados perderam representa��o na pauta de exporta��o do Brasil. A participa��o desse grupo de produtos cai desde 2005. Em 2008, ano anterior � crise global, os manufaturados representavam 46,8% do total exportado pelo Brasil para o resto do mundo, mas em 2013 responderam por 38,4% das vendas totais. "A presen�a dos manufaturados na pauta de exporta��o do Brasil � muito baixa para um pa�s que tem um parque industrial como o nosso", diz Jos� Augusto de Castro, presidente da Associa��o de Com�rcio Exterior do Brasil (AEB).

Os n�meros da Associa��o Brasileira da Ind�stria Qu�mica (Abiquim) mostram que o d�ficit no setor n�o para de crescer - no ano passado, foi de US$ 32,2 bilh�es, acima dos US$ 28,6 bilh�es de 2012. Em 1991, era apenas de US$ 1,5 bilh�o. "O d�ficit aumentou porque n�o existem investimentos. Se me perguntar sobre 2014, a resposta � que o d�ficit vai crescer outra vez", diz Fernando Figueiredo, presidente executivo da Abiquim. A fraca demanda pelos produtos brasileiros fez com que a capacidade utilizada da ind�stria qu�mica ficasse em 82% no ano passado - o ideal � que esteja pr�ximo de 90%.

O d�ficit em eletroeletr�nicos tamb�m avan�ou entre 2012 e 2013 - passou de US$ 32,5 bilh�es para US$ 36 bilh�es. "Esse n�mero vem crescendo de maneira expressiva ao longo dos anos", afirma Humberto Barbato, presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria El�trica e Eletr�nica (Abinee). O grande entrave desse setor � que as importa��es acabaram superando as exporta��es porque � preciso comprar componentes de fora do Pa�s para abastecer a ind�stria local.

O setor eletroeletr�nico ainda foi afetado pela queda nas exporta��es de produtos de telecomunica��o, sobretudo de aparelhos celulares. Em 2013, o recuo em rela��o a 2012 foi de 20%, para US$ 457 milh�es. "� uma queda assustadora. Os pa�ses que eram os principais mercados brasileiros, como Argentina e Venezuela, colocaram barreiras contra as importa��es brasileiras", diz Barbato. O Brasil foi um grande exportador de celulares. As f�bricas foram instaladas no Pa�s para abastecer o mercado latino-americano.

Por O Estado de S.Paulo