Como os jovens ganham naturalmente menos, e os empregadores precisam contratar trabalhadores mais velhos e que recebem mais, o sal�rio m�dio sobe

Os reajustes salariais tiveram, em 2013, o menor peso no crescimento da renda do trabalho desde 2005. Do aumento de 1,8% no rendimento (tamb�m o menor avan�o desde 2005), 0,7 ponto porcentual, ou 40% do total, deveu-se ao fato de menos jovens estarem entrando no mercado de trabalho, segundo estudo in�dito do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Get�lio Vargas (Ibre/FGV).
O ritmo menor de entrada de jovens leva a uma redu��o da fatia deles no mercado de trabalho, resultando na eleva��o da renda, por causa de um efeito estat�stico - chamado de �efeito composi��o� pelos especialistas. Como os jovens ganham naturalmente menos, e os empregadores precisam contratar trabalhadores mais velhos e que recebem mais, o sal�rio m�dio sobe.
O fen�meno vem ocorrendo desde 2004, mas ganha for�a sempre que a evolu��o do rendimento mostra desacelera��o, como se viu em 2004 e 2005, quando houve at� queda real, e em 2009, ano mais agudo da crise financeira. Em 2013, a alta na renda teve um tombo - em 2012, o crescimento foi de 4,1%.
�Em �pocas de crise, as pessoas procuram voltar a estudar ou prolongam os estudos. Em 2013, isso voltou a ser muito forte e gera incerteza para 2014�, diz Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador do Ibre/FGV e coautor do estudo, ao lado de Fernando de Holanda Barbosa Filho.
Por tr�s do fen�meno, est� o fato de um n�mero maior de jovens optar por estudar mais, antes de conseguir o primeiro emprego. Ou largar um trabalho para fazer um curso, na expectativa de sal�rio maior no futuro - embora tamb�m haja casos de quem n�o trabalhe nem estude, fen�meno preocupante e chamado de �nem nem�.
Duas mudan�as socioecon�micas acompanham o fen�meno: o aumento da escolaridade e o crescimento real da renda das fam�lias nos �ltimos anos. �Antes do fim da d�cada de 1990, se voc� pegasse pessoas de 22 anos de idade, s� 30% chegavam ao ensino m�dio. Hoje, s�o mais de 70%�, diz o economista Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Pol�ticas P�blicas (CPP) do Insper.
No caso do crescimento da renda, com o chefe de fam�lia ganhando mais, o trabalho precoce dos filhos, antes uma necessidade, pode ser adiado.
PRESSA LATENTE
Sem a frieza dos dados estat�sticos, Ricardo do Nascimento Reis, gerente de metodologia do Grupo Multi, sente essas mudan�as na demanda pelos cursos t�cnicos. Segundo Reis, entre os jovens, sobretudo entre 15 e 20 anos, h� uma pressa latente de alcan�ar cargos mais altos. Por isso, muitos preferem se afastar do mercado de trabalho ou atrasar o in�cio da profiss�o para se qualificar e conseguir cargos melhores.
�Os jovens de hoje querem entrar como office-boy e virar gerente em dois meses�, brinca o executivo do grupo, controlador das redes People, Microlins, SOS Educa��o Profissional e BIT Company, entre outras.
Al�m disso, h� tamb�m um fator demogr�fico estrutural por tr�s do fen�meno. �Est� caindo o porcentual de jovens na popula��o em idade ativa (PIA), e a�, logicamente, voc� tem um menor contingente de jovens no mercado de trabalho�, ressalta Moura. A PIA � a popula��o a partir de 10 anos de idade. Com a queda na taxa de natalidade e o envelhecimento da popula��o, a fatia dos jovens nesse bolo cai.
Fonte: O Popular