Com 98% das reservas, Brasil n�o tem pol�tica espec�fica para o mineral. Exporta��es cresceram 110% em 10 anos e somaram US$ 1,8 bi em 2012.

Um metal raro no mundo, mas abundante no Brasil, considerado fundamental para a ind�stria de alta tecnologia e cuja demanda tem aumentado nos �ltimos anos, tem sido objeto de controv�rsia e de uma s�rie de suspeitas e informa��es desencontradas que se multiplicam na internet � alimentando teorias conspirat�rias e mitos sobre a dimens�o da sua import�ncia para a economia mundial e do seu potencial para elevar o Produto Interno Bruto (PIB) do pa�s.
Trata-se do ni�bio, elemento qu�mico usado como liga na produ��o de a�os especiais e um dos metais mais resistentes � corros�o e a temperaturas extremas. Quando adicionado na propor��o de gramas por tonelada de a�o, confere maior tenacidade e leveza. O ni�bio � atualmente empregado em autom�veis, turbinas de avi�o, gasodutos, em tom�grafos de resson�ncia magn�tica, na ind�stria aeroespacial, b�lica e nuclear, al�m de outras in�meras aplica��es como lentes �ticas, l�mpadas de alta intensidade, bens eletr�nicos e at� piercings.
O mineral existe no solo de diversos pa�ses, mas 98% das reservas conhecidas no mundo est�o no Brasil. O pa�s responde atualmente por mais de 90% do volume do metal comercializado no planeta, seguido pelo Canad� e Austr�lia. No pa�s, as reservas s�o da ordem de 842.460.000 toneladas e as maiores jazidas se encontram nos estados de Minas Gerais (75% do total), Amazonas (21%) e em Goi�s (3%).
Segundo relat�rio do Plano Nacional de Minera��o 2030, o Brasil explora atualmente 55 subst�ncias minerais, respondendo por mais de 4% da produ��o global, e � l�der mundial apenas na produ��o do ni�bio. No caso do ferro e do mangan�s, por exemplo, em que o pa�s tamb�m ocupa posi��o de destaque, a participa��o na produ��o global n�o ultrapassa os 20%.
Tal vantagem competitiva em rela��o ao ni�bio desperta cobi�a e preocupa��o por parte das grandes sider�rgicas e maiores pot�ncias econ�micas, que costumam incluir o ni�bio nas listas de metais com oferta cr�tica ou amea�ada. � isso tamb�m que alimenta teorias de que o Brasil vende seu ni�bio �a pre�o de banana�; que as reservas nacionais est�o sendo �dilapidadas�; e que o pa�s est� �perdendo bilh�es� ao n�o controlar o pre�o do produto.
A chamada �quest�o do ni�bio� n�o � um assunto novo. Um dos seus porta-vozes mais ilustres foi o deputado federal En�as Carneiro, morto em 2007, que alardeava que s� a riqueza do mineral seria o suficiente para lastrear toda a riqueza do pa�s. O ni�bio j� chegou a ser relacionado at� com o mensal�o, ap�s o empres�rio Marcos Val�rio afirmar na CPI dos Correios, em 2005, que o Banco Rural conversou com Jos� Dirceu sobre a explora��o de uma mina de ni�bio na Amaz�nia.
Em 2010, um documento secreto do Departamento de Estado americano, vazado pelo site WikiLeaks, incluiu as minas brasileiras de ni�bio na lista de locais cujos recursos e infraestrutura s�o considerados estrat�gicos e imprescind�veis aos EUA . Mais recentemente, o ni�bio voltou a ganhar os holofotes em raz�o da venda bilion�ria de uma fatia da Companhia Brasileira de Metalurgia e Minera��o (CBMM), maior produtora mundial de ni�bio, para companhias asi�ticas. Em 2011, um grupo de empresas chinesas, japonesas e sul coreana fechou a compra de 30% do capital da mineradora com sede em Arax� (MG) por US$ 4 bilh�es.
Independente do debate muitas vezes ideol�gico por tr�s da quest�o e dos mitos que cercam o mineral, o fato � que o quase �monop�lio� da oferta ainda n�o resultou numa pol�tica espec�fica para o ni�bio no Brasil ou programa voltado para o desenvolvimento de uma cadeia industrial que vise agregar valor a este insumo que praticamente s� o pa�s oferece.
Por Darlan Alvarenga - G1