
A grande euforia sobre os n�meros apresentados pela economia goiana nos �ltimos anos, que cresce acima da m�dia na cria��o de empregos, na gera��o de riquezas (PIB), na produ��o industrial e nas vendas do com�rcio, traz consigo uma problem�tica sobre a habita��o em Goi�s. O mesmo Estado que bate recordes em programas habitacionais, como o Minha Casa, Minha Vida, viu crescer em 13,9% a quantidade de fam�lias sem moradia entre 2007 e 2012.
Neste per�odo, quase 20 mil a mais entraram para o d�ficit habitacional em Goi�s, num total de 161.290 fam�lias sem casa pr�pria, aponta estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea), ligado ao governo federal. Em contrapartida, d�ficit caiu na m�dia do Pa�s de 10% para 8,5%.
A imigra��o de trabalhadores atra�dos para o Estado por melhores condi��es de vida � o principal motivo apontado pelos analistas para o avan�o no d�ficit. Goi�s � hoje o terceiro em fluxo migrat�rio, cujo saldo foi de 35,1 mil pessoas no ano passado, e tende a ser o segundo at� 2030, segundo proje��es do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). A hip�tese de a migra��o ser a principal causa do problema habitacional goiano est� no fato de que as economias mais din�micas atraem pessoas de outras �reas menos favorecidas em emprego e renda.
O t�cnico de Planejamento de Pesquisa do Ipea Cleandro Krause lembra que todo o Centro-Oeste tem essa caracter�stica. Com exce��o do Mato Grosso do Sul, que recuou 9,9%, as demais unidades da regi�o pioraram at� mais que Goi�s no porcentual de fam�lias sem casa pr�pria - Distrito Federal, 20,4%, e Mato Grosso, 20,6%.
�N�o analisamos dados de imigra��o para saber a real causa, mas podemos supor que houve impacto dela na habita��o em Goi�s. � prov�vel que esse d�ficit habitacional maior esteja no entorno do DF e em cidades de grande crescimento econ�mico, como Rio Verde�, comenta Krause.
O presidente da Ag�ncia Goiana de Habita��o (Agehab), Marcos Abr�o Roriz, refor�a a imigra��o como causa do crescente saldo de fam�lias sem moradia. �Pelas nossas constata��es, o d�ficit habitacional � reflexo do crescimento econ�mico do Estado. Cada unidade fabril que se instala em Goi�s atrai um fluxo muito grande de pessoas em busca de emprego. E depois de tr�s anos morando no Estado, elas t�m direito � casa pr�pria�, analisa.
N�mero contrasta com dados de programas
O aumento de 13,9% no d�ficit habitacional em Goi�s nos �ltimos cinco anos contrasta com os dados de programas de financiamento de casa pr�pria executados no Estado. O Minha Casa, Minha Vida (MCMV), por exemplo, j� contratou cerca de 122,4 mil unidades habitacionais � 29,6 mil somente para a faixa 1, que atinge justamente a parcela mais afetada pela falta de moradia (a de baixa renda).
Foram R$ 4,2 bilh�es de financiamentos apenas em 2012. Na primeira fase do programa, de 2009 a 2010, o Estado teve o segundo maior desempenho do Pa�s. Entretanto, conforme a economista Elcilene Borges, doutoranda pela Universidade Federal de Goi�s (UFG), os n�meros avaliados pelo Ipea n�o t�m o impacto do MCMV. Ela explica que, embora sejam de 2007 a 2012, eles foram reponderados a partir do Censo de 2010. �O MCMV foi lan�ado em 2009, ou seja, n�o impactou em nada nesse resultado do d�fict.�
Para o presidente da Ag�ncia Goiana de Habita��o, Marcos Abr�o Roriz, mesmo com os altos n�meros de contrata��es no programa, � preciso rever alguns par�metros estabelecidos pelo governo federal para destina��o do dinheiro da habita��o. Como a Uni�o destina mais recursos �s cidades acima de 50 mil habitantes, o aporte, segundo ele, n�o � uniforme e n�o leva em considera��o as realidades regionais apontadas pelos Planos Municipais de Habita��o de Interesse Social � constitu�dos por exig�ncia do Minist�rio das Cidades.
Roriz ressalta que o enfrentamento do deficit deve ser feito a partir de parcerias, entre governo federal, estadual, entidades e munic�pios. A pesquisadora Elcilene Borges tamb�m refor�a a necessidade de priorizar o planejamento dos recursos federais para regi�es mais din�micas com fluxo migrat�rio, como � o caso de Goi�s.
ALUGUEL
No per�odo pesquisado, de 2007 a 2012, houve um aumento do �nus excessivo do aluguel. Isso significa que cresceu a quantidade de fam�lias que gastam 30% ou mais da renda com o pagamento de aluguel. Em Goi�s, esse era um problema para 94,5 mil fam�lias em 2012, 65% mais do que em 2007.
Por L�dia Borges - O Popular