Se � verdade que ca�ram a pobreza e a desigualdade, a parcela mais rica da popula��o tamb�m se beneficiou com a melhora do mercado de trabalho do pa�s a partir da d�cada passada.
Levantamento feito pela Folha a partir das declara��es do Imposto de Renda mostra como cresceram os ganhos e o patrim�nio da minoria mais bem remunerada, que representa algo em torno de 13% dos brasileiros.
Em valores corrigidos, os rendimentos totais desse grupo chegaram a R$ 82,9 mil por declarante em 2010, segundo os dados mais atualizados dispon�veis para consulta na Receita Federal �ou R$ 6.905, em m�dia, por m�s.
N�o � dif�cil imaginar a dist�ncia entre esses valores e os recebidos pela maior parte da popula��o: basta dizer que as estat�sticas oficiais consideram de classe m�dia fam�lias com renda mensal a partir de R$ 291 por pessoa.
O rendimento m�dio por declarante aumentou 33,9% acima da infla��o na segunda metade da d�cada passada, o per�odo de maior crescimento econ�mico do pa�s desde o Plano Real.
Editoria de Arte/Folhapress
SERVIDORES
Entre as ocupa��es discriminadas nos formul�rios da Receita, a maior renda m�dia � a dos servidores p�blicos federais, incluindo os empregados nas autarquias, funda��es e empresas estatais.
Esse contingente, beneficiado pela pol�tica salarial do governo Lula, declarou rendimentos tribut�veis de R$ 110,8 mil por pessoa ao final do mandato do petista (dados sobre os rendimentos totais n�o est�o dispon�veis).
J� empres�rios �a� inclu�dos os de porte min�sculo, empregadores de si pr�prios� declararam rendimentos de R$ 26,5 mil, os mais baixos entre as ocupa��es mais numerosas. A quantidade desses empreendedores encolheu entre 2005 e 2010: possivelmente, uma consequ�ncia de melhores oportunidades de trabalho assalariado.
O patrim�nio informado nas declara��es do IR, concentrado em aplica��es financeiras e im�veis, fechou a d�cada atingindo o equivalente a 118% do Produto Interno Bruto, o percentual mais alto do per�odo.
DESIGUALDADE
O uso de informa��es tribut�rias para dimensionar a desigualdade social foi um dos m�todos adotados no best-seller "Capital in the Twenty-First Century [O Capital no S�culo 21]", do franc�s Thomas Piketty.
Em entrevista � Folha na semana passada, o economista disse n�o ter pesquisado o Brasil, um dos pa�ses mais desiguais do mundo, em raz�o da falta de transpar�ncia em dados como os do IR. A Receita publica n�meros consolidados das declara��es, mas sem detalhes como a distribui��o dos contribuintes por faixa de renda.

Por Folha de S.Paulo