PIB goiano cresce acima da média, mas perde fôlego

Pelo sexto ano seguido, PIB do Estado cresceu acima da m�dia nacional, mas tem sido afetado pela crise

Com o montante de R$ 133,025 bilh�es previstos para o Produto Interno Bruno (PIB) de 2013, a economia goiana manteve seu crescimento acima da m�dia nacional pelo sexto ano consecutivo. Desta vez, a riqueza estadual avan�ou 3,1%, contra os 2,3% da m�dia brasileira, como antecipou a coluna Giro do jornal O POPULAR na edi��o de ontem.

Entretanto, contaminado por uma conjuntura nacional e internacional ainda desfavor�vel, o resultado do PIB do ano passado tamb�m mostra que a desacelera��o econ�mica tem se intensificado ao longo dos �ltimos anos.

Os n�meros s�o claros. A taxa de crescimento do PIB em 2013 foi a menor desde 2010 (veja quadro). O cen�rio de infla��o e eleva��o de juros, que travam o consumo, assim como a restri��o de cr�dito e inadimpl�ncia elevada contribu�ram para o recuo no desempenho do Produto Interno Bruto.

SERVI�OS

Conforme estudo divulgado ontem pelo Instituto Mauro Borges de Estat�sticas e Estudos Socioecon�micos, ligado � Secretaria de Gest�o e Planejamento (IMB/Segplan), o quarto trimestre foi o mais importante para 2013, com 4,4% de incremento no PIB, principalmente pelo desempenho da agropecu�ria, que avan�ou 23,3%. Mas, considerando todo o ano, o setor de servi�os, que tem o maior peso na estrutura econ�mica do Estado, foi tamb�m o que mais alavancou PIB.

Cresceu 3,5%, puxado pela atividade no com�rcio varejista e atacadista (4,5%), ainda influenciado pela redu��o do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) da linha branca, material de constru��o e ve�culos novos. Tamb�m aumentaram os servi�os na administra��o p�blica (4,1%). Na atividade industrial, que avan�ou 2,4% em 2013, os destaques s�o para os 4,9% da ind�stria de transforma��o, movimentada pela fabrica��o de medicamentos, maionese, cerveja e chopes.

A constru��o civil tamb�m teve resultado significativo (5%), alavancada por obras de empreendimentos imobili�rios, rodovias e ferrovias, obras de urbaniza��o e saneamento b�sico no Estado. �O programa habitacional Minha Casa Minha Vida em alguns munic�pios tamb�m ajudou a incrementar esse setor�, afirma o economista e professor universit�rio, Ant�nio Teodoro da Silva J�nior.

Por fim, a atividade agropecu�ria foi a de menor peso, com crescimento de apenas 1,2%, em fun��o das sucessivas quedas na produ��o (em especial de milho, algod�o, arroz e feij�o), informa a gerente de Contas Regionais e Indicadores da Segplan, Dinamar Maria Ferreira Marques. O que segurou parte do aumento foi a produ��o de cana-de-a��car (14,7%).

Outros resultados que ajudaram no crescimento do PIB foram o da balan�a comercial goiana e do mercado de trabalho no Estado. O saldo da balan�a (US$ 2,2 bilh�es) s� foi positivo porque as importa��es (-5,5%) recuaram mais do que as exporta��es (3,7%). Em rela��o aos empregos, foram criadas mais de 60,8 mil novas vagas durante o ano, principalmente na �rea de servi�os (25.782), com�rcio (14.079) e ind�stria (10.816).

Secret�rio destaca que resultado � positivo

Segundo o secret�rio estadual de Gest�o e Planejamento, Leonardo Vilela, embora atingido pelos problemas externos, de desacelera��o econ�mica, o resultado do PIB goiano � positivo e consegue crescer acima do resto do Pa�s em fun��o de condi��es criadas no Estado. �Temos uma pol�tica industrial agressiva, que envolve incentivos fiscais. Temos tamb�m uma infraestrutura razo�vel, que ser� melhorada ainda mais; condi��es clim�ticas favor�veis ao agroneg�cio e estamos numa posi��o geogr�fica favor�vel. Tudo isso cria um ambiente de crescimento�, afirma.

Para o economista e consultor empresarial Maur�cio Faganelo, o que vem segurando o PIB goiano acima da m�dia do Pa�s � a forte base exportadora de produtos prim�rios e todas as demais atividades ligadas ao agroneg�cio. Em contrapartida, ele lembra que essa diferen�a entre o resultado local e nacional vem diminuindo devido � uma mudan�a gradativa da atividade econ�mica estadual.

Goi�s tem ampliado sua base de servi�os e com�rcio, que est�o prejudicadas pela redu��o do consumo das fam�lias, que t�m mudado os h�bitos de consumo frente � alta da infla��o. Tamb�m h� uma amplia��o da base de ind�strias, que sofrem mais com os problemas externos, devido � redu��o de investimentos, explica Faganelo.

�� medida que o Estado vai ampliando sua transa��o comercial com outros Estados e com o mundo, ele fica mais suscet�vel �s evolu��es do mercado e sofre mais com os problemas nacionais e internacionais�, acrescenta Ant�nio Teodoro.

Desafios

A perspectiva de desacelera��o permanece tamb�m para este ano. Segundo o IMB, o PIB de 2014 deve crescer ainda menos, entre 2,5% e 3%. O agroneg�cio deve comandar o porcentual de crescimento, com 5% de avan�o, muito pela baixa base de compara��o de 2013 (1,2%), mas tamb�m pela recupera��o de importantes culturas e com aumento da produ��o de carnes para atender � demanda externa.

Os setores de servi�os e industrial tamb�m devem repetir os desempenhos observados no ano passado e a ind�stria (alimentos e bebidas e farmoqu�mica) devem manter o ritmo de produ��o.

Entretanto, o economista Maur�cio Faganelo ressalta que, enquanto n�o houver uma mudan�a em alguns gargalos existentes no Estado, como a defici�ncia na distribui��o de energia el�trica e a prec�ria estrutura log�stica, dificilmente este crescimento se sustentar� por muitos anos. �Goi�s perde oportunidades de crescer mais pela inefici�ncia operacional do Estado.�

Por L�dia Borges - O Popular