Plano Real faz 19 anos com tomate 1.716% mais caro

Pre�o das tarifas de �nibus urbano foi outro grande vil�o, com alta de 684%; em S�o Paulo, valor subiu de R$ 0,50 em 1994 para R$ 3 atualmente

Famoso por ter conquistado a t�o sonhada estabiliza��o da economia brasileira, o Plano Real completa 19 anos nesta segunda-feira, dia 1. Criado em 1994 pela equipe do ent�o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, durante o governo Itamar Franco, a nova moeda conseguiu o que v�rios outros planos econ�micos n�o alcan�aram: debelar a hiperinfla��o.

Segundo o economista da Funda��o Get�lio Vargas (FGV), Leonardo Weller, especialista em Hist�ria Econ�mica, o �xito do Real se deve a tr�s quest�es principais: liberaliza��o comercial, c�mbio est�vel e desindexa��o.

A liberaliza��o comercial foi basicamente uma grande abertura do pa�s ao capital estrangeiro. A medida veio acompanhada de uma taxa de c�mbio est�vel, aumentou a concorr�ncia aos produtos brasileiros e pressionou os pre�os para baixo.

J� a desindexa��o da economia consistiu em reduzir mecanismos de repasse autom�tico da infla��o, como os gatilhos salariais, que n�o permitiam que os pre�os se estabilizassem.

A infla��o chegou a 916,46% no ano de 1994 e foi estabilizada em n�veis baixos nos anos seguintes, mas n�o deixou de existir.

Entre 1994 e 2013, a taxa acumulada, segundo o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 332,33%. Alguns produtos, como o tomate, que se causou pol�mica nas listas de compras no in�cio deste ano, est� no topo da lista dos produtos que mais subiram de pre�o: segundo o IBGE, o aumento acumulado � de 1.716,2% nos �ltimos 19 anos.

O pre�o das tarifas de �nibus urbano foi outro grande vil�o, com alta de 684%. Em S�o Paulo, a tarifa subiu de R$ 0,50 em 1994 para R$ 3 atualmente.

Nem um dos componentes principais da dieta dos brasileiros subiu menos que a infla��o. O feij�o-carioca teve varia��o de 785,9% desde a cria��o do plano Real. Neste per�odo, o sal�rio m�nimo subiu de R$ 64,79 para R$ 678, uma eleva��o de 1046,45%. Para Weller, mesmo com as recentes altas da infla��o, o pa�s n�o corre mais o risco de passar por uma nova hiperinfla��o. Isso porque a economia do Pa�s est� mais inserida no conceito de economia de mercado.

Entretanto, o economista assinala que os protestos que t�m tomado ruas recentemente s�o o primeiro sintoma de perda da "ilus�o monet�ria".

"As pessoas perceberam que o ganho do sal�rio nominal (sem descontar a infla��o) nos �ltimos anos est� sendo corro�do pela infla��o. Houve uma queda no sal�rio real. E isso foi percebido rapidamente", afirma.

Fonte: O Estado de S.Paulo