Portabilidade pode baixar juro do crédito imobiliário

Com 70% dos financiamentos do mercado, Caixa pode ser pressionada a negociar seus contratos antigos

Com a portabilidade do cr�dito imobili�rio, que entra em vigor efetivamente nesta segunda-feira, a Caixa Econ�mica Federal, dona de quase 70% desse mercado, ser� pressionada a negociar contratos antigos, com juros mais altos, se n�o quiser perder os clientes. O Banco do Brasil (BB), que tem uma carteira ainda pequena, est� pronto a oferecer taxas semelhantes �s cobradas pelo maior concorrente do ramo. At� ent�o, os juros mais baixos oferecidos pela Caixa foram destinados aos novos contratos, clientes que estavam comprando o im�vel pela primeira vez.

Os bancos privados tamb�m est�o atentos, embora o ambiente macroecon�mico, com alta na Selic (taxa de juros b�sica da economia) seja pouco prop�cio a maior disputa no sistema financeiro por novos correntistas.

� A Caixa estava numa situa��o muito confort�vel. Se o Banco do Brasil tiver apetite e interesse em continuar expandindo sua carteira de cr�dito imobili�rio, a Caixa pode ser obrigada a renegociar contratos, principalmente de clientes com quem tem alto n�vel de relacionamento, como produtos de capitaliza��o, seguro e aplica��es � disse o diretor da Associa��o Nacional dos Executivos de Finan�as (Anefac), Miguel de Oliveira.

Segundo o vice presidente de Habita��o da Caixa, Jos� Urbano Duarte, o foco da institui��o continuar� sendo a concess�o do cr�dito a quem est� comprando a casa pela primeira vez. Duarte disse, no entanto, que o banco est� preparado e vai analisar o comportamento num primeiro momento:
� O foco � quem ainda n�o tem casa. Mas vamos observar o mercado.


A expectativa do governo e do Banco Central (BC) � que comece no pa�s um processo que vai permitir a m�dio e longo prazo uma redu��o dos taxas de juros na modalidade e um certo nivelamento entre as institui��es no custo dos empr�stimo para a compra da casa pr�pria. As taxas hoje variam entre 11% e 8,3% ao ano, mais a TR e nesse tipo de financiamento de longo prazo (30 a 35 anos), qualquer ponto percentual faz diferen�a.

De acordo com proje��es da Anefac, a redu��o de meio ponto percentual num contrato habitacional de 30 anos resulta para o mutu�rio uma economia de 10% no valor final do financiamento.

Quem tem contrato fora do Sistema Financeiro da Habita��o (SFH), que tem taxas de juros mais altas est�o entre os que mais podem ser beneficiados com a portabilidade. Vale lembrar que at� setembro do ano passado, s� estava enquadro no SFH � que tem taxas abaixo de 12% ao ano e permite o uso do FGTS para aquisi��o e para abatimento do financiamento � im�veis avaliados at� R$ 500 mil. O valor no entanto, foi atualizado para R$ 750 mil nas capitais, o que aumentou o n�mero de poss�veis candidatos ao sistema.

O Banco Central espera ainda que a automatiza��o do processo de portabilidade do cr�dito imobili�rio ajude a deslanchar no pa�s a migra��o de outras modalidades de financiamento, o que j� � permitido, desde dezembro de 2006, quando foram registradas 20 opera��es, no valor total de R$ 294,6 mil. Em abril deste ano, foram realizadas 43,6 mil opera��es, no montante de R$ 390,7 milh�es - um volume considerado ainda baixo.

O consultor do Departamento de Regula��o do BC, Anselmo Pereira, no entanto, n�o acredita que o processo de portabilidade de cr�dito imobili�rio crie um uma �explos�o� de opera��es. Na avalia��o de Pereira, a tend�ncia � que os bancos renegociem e ofere�am melhores condi��es para n�o perder os clientes.

Por Geraldo Doca - O Globo