A din�mica do emprego industrial neste ano vai al�m das demiss�es em ritmo mais intenso do que no ano passado. De janeiro a maio, de acordo com dados do Minist�rio do Trabalho levantados a pedido do Valor, o n�mero de funcion�rios em "layoff" (suspens�o tempor�ria do contrato de trabalho) no setor j� ultrapassa o total acumulado em 2013. Nesse per�odo, a quantidade de requerimentos de bolsa-qualifica��o, benef�cio concedido ao funcion�rio afastado, chegou a 7.514, contra 7.144 no ano passado.
O aumento elevou as previs�es de gastos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) com a rubrica neste ano para R$ 52,5 milh�es, quase o dobro do registrado no ano passado (R$ 33,8 milh�es). Dados do portal da Transpar�ncia mostram que, at� maio, o benef�cio j� custou R$ 17,5 milh�es, 33,5% do previsto no or�amento.
O bolsa-qualifica��o pode chegar atualmente a R$ 1.304,65 - valor do teto do seguro-desemprego. O funcion�rio pode ficar afastado por um per�odo de dois a cinco meses e mant�m direito a f�rias, 13� e participa��o nos resultados. Nos acordos fechados entre sindicatos e entidades patronais desde o in�cio do ano, as empresas se comprometem a pagar a diferen�a entre o sal�rio e a bolsa, para que os trabalhadores continuem recebendo a remunera��o integral.
Com quedas sucessivas nas vendas e na produ��o, o setor automotivo � o principal afetado pela onda de "layoffs". No ABC paulista, onde se concentra grande n�mero de montadoras e f�bricas de autope�as, h� atualmente 1.300 metal�rgicos com contratos de trabalho suspensos, de acordo com o sindicato da categoria.
Em S�o Jos� dos Pinhais (PR), a Volkswagen afastou 400 funcion�rios em junho e, h� poucos dias, negociou a suspens�o de contrato de outros 70 na unidade de S�o Carlos (SP). Segundo o sindicato dos metal�rgicos do munic�pio, houve tamb�m na regi�o o afastamento de 120 funcion�rios da Electrolux e 40 da Smalte.
O grupo de 300 metal�rgicos que havia sido afastado entre fevereiro e maio pela Volkswagen, no Paran�, j� retornou ao trabalho. Caso a produ��o n�o retome o ritmo at� setembro, para quando est� previsto a volta da segunda turma, o sindicato tentar� negociar novos afastamentos tempor�rios, afirma Jamil D'�vila, secret�rio-geral de entidade. A expectativa entre os trabalhadores, por�m, � que as vendas do setor automotivo melhorem neste segundo semestre.
No Rio, a PSA Peugeot Citro�n colocou 650 funcion�rios da f�brica de Porto Real em "layoff" entre fevereiro e maio. Um plano de demiss�o volunt�ria aberto no fim desse per�odo, por�m, fechou 650 postos - o equivalente a um dos tr�s turnos da f�brica - e interrompeu o ciclo de afastamentos, previsto para outros dois grupos.
Para Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Ibre-FGV, o "layoff" � um bom arranjo de curto prazo para que as empresas contornem dificuldades tempor�rias. "� uma sa�da de curto prazo para o setor que passa por algum problema espec�fico, sofrendo o impacto de um ciclo econ�mico mais adverso." Se o problema, contudo, for estrutural, ressalva, o afastamento tempor�rio perde o sentido.
O desembolso das empresas com os funcion�rios em "layoff" varia bastante. Em S�o Carlos, por exemplo, onde o sal�rio m�dio dos metal�rgicos � de R$ 2,3 mil, a bolsa paga pela FAT cobre a maior parte dos custos. Na unidade da Volkswagen em S�o Jos� dos Pinhais, o desembolso � maior, j� que a remunera��o m�dia est� mais pr�xima de R$ 3 mil. O sal�rio m�dio da base dos metal�rgicos do ABC � de R$ 4,4 mil.
Na semana passada, o emprego no segmento automotivo foi uma das pautas da reuni�o do Sindicato dos Metal�rgicos do ABC com o ministro-chefe da Secretaria de Rela��es Institucionais, Ricardo Berzoini. De acordo com Rafael Marques, presidente do sindicato, foi retomada a discuss�o sobre o sistema de prote��o ao emprego, discutido em maio por entidades trabalhistas e patronais com o governo.
Luiz Moan, presidente da Anfavea, entidade que representa as montadoras, diz que a principal proposta � de flexibiliza��o da jornada do trabalhador em "layoff". Em vez de durar at� cinco meses, com afastamento em tempo integral, a ideia � que o funcion�rio possa ficar longe por mais tempo, mas comparecendo � f�brica para suprir eventuais reaquecimentos da demanda. Nesse caso, o FAT n�o pagaria o bolsa-qualifica��o integral, mas uma parcela proporcional � hora trabalhada.
Por Valor Econ�mico
Fonte: For�a Sindical