Salário mínimo - Reajuste é o menor em 16 anos

Aumento para o m�nimo de 2014 ser� de 6,78%, de acordo com proposta aprovada ontem pelo Congresso

Numa passadinha r�pida pelo supermercado ontem � tarde para comprar frutas para os netos, a dom�stica I�da Luiza da Silva, 46 anos, n�o conseguiu gastar menos de R$ 40. O valor desembolsado pelos poucos produtos num dia de promo��o � suficiente para �engolir� praticamente todo o reajuste do sal�rio m�nimo previsto para o ano que vem (R$ 46). Com o inc�modo di�rio da infla��o no Pa�s, a sensa��o manifestada pelos consumidores nas ruas de Goi�nia a respeito do novo piso nacional para 2014 - que deve passar dos atuais R$ 678 para R$ 724 - � de que n�o haver� melhora no poder de compra.

Segundo a proposta aprovada ontem pelo Congresso Nacional, o aumento a ser concedido no pr�ximo ano � de 6,78%, o menor porcentual dos �ltimos 16 anos. A explica��o para isso � simples: al�m de levar em considera��o o �ndice inflacion�rio de 2013, o reajuste do m�nimo est� atrelado tamb�m ao desempenho do PIB nacional. Como a economia no per�odo teve um crescimento t�mido, em torno de 1%, o sal�rio a acompanhou. O novo valor ainda precisa ser definido por decreto presidencial.

Para a presidente da Central �nica de Trabalhadores (CUT) em Goi�s, Bia de Lima, embora a f�rmula de reajuste do piso nacional tenha sido definida em acordo com os sindicatos desde a gest�o anterior, poderia haver um esfor�o maior do governo em melhorar o sal�rio m�nimo. �At� porque � comprovado que o crescimento do m�nimo provoca um efeito muito positivo na economia. Durante a crise financeira mundial, o que salvou o Pa�s foi justamente a melhora da renda, com o ganho real de sal�rio�, comenta.

O presidente do Sindicato dos Empregados no Com�rcio de Goi�s (Seceg), Eduardo Amorim, informa que o reajuste atinge diretamente 25% da categoria, que recebem o m�nimo - como estoquistas, auxiliares de cadastro e de almoxarifado, servi�os gerais, office boy, dentre outros. Mas tamb�m alcan�a os demais trabalhadores, visto que serve de par�metro para as negocia��es salariais. Para Amorim, a pol�tica econ�mica nacional para recuperar o poder de compra da popula��o est� longe da necessidade do trabalhador.

�O governo n�o tem coragem de aumentar mais, para n�o alimentar o sistema inflacion�rio. Oficialmente, n�o � feita uma indexa��o do m�nimo aos pre�os, mas, na pr�tica, tudo est� atrelado ao reajuste do sal�rio. Em tr�s meses, esse aumento � absorvido pela remarca��o de pre�os.�

Na pr�tica, a popula��o tamb�m j� percebeu a desvaloriza��o e sabe que o an�ncio de reajuste significa tamb�m encarecimento do custo de vida. �Quando esse aumento chegar para a gente, supermercado, farm�cia, tudo j� vai ter aumentado tamb�m os pre�os. Da� n�o adianta�, reclama a funcion�ria p�blica Irene Tomaz, 56 anos, cuja remunera��o base, sem as gratifica��es, � o sal�rio m�nimo.

 I�da com as compras: �Pensei que iria subir pelo menos R$ 100�

A dom�stica I�da Luiza, que ganha um sal�rio m�nimo na carteira e trabalha h� mais de 30 anos em casas de fam�lia, tinha esperan�a de que a remunera��o seria um pouco melhor no ano que vem. �� uma vergonha. Pensei que iria subir pelo menos R$ 100. Esses R$ 46 n�o d�o nem para pagar uma conta de �gua ou luz�, destaca.

J� o ajudante de servente No�lio Rodrigues dos Santos, de 25 anos, que tamb�m tem como remunera��o-base o sal�rio m�nimo mais gratifica��es, diz que qualquer dinheiro a mais que entre para a renda familiar � bem-vindo. Pelos seus c�lculos, o valor que receber� como reajuste dar� para cobrir, por exemplo, o tal�o de �gua, mas ele n�o esconde a expectativa frustrada de que o aumento fosse mais significativo.

EMPRES�RIOS

Para a Federa��o do Com�rcio de Goi�s (Fecom�rcio-GO), que tamb�m representa o setor de servi�os e, juntos, somam a maior parcela da m�o de obra do Estado (cerca de 60%), o aumento do sal�rio m�nimo n�o prejudicar� o empresariado. Para o presidente da entidade, Jos� Evaristo dos Santos, essa � uma reposi��o necess�ria para cobrir as perdas com a infla��o e que vai refletir na sustentabilidade do sistema comercial.

�O com�rcio depende e muito da renda da popula��o e o reajuste do sal�rio m�nimo beneficia principalmente uma parcela importante para o consumo, as classes C, D e E.�

Para a gerente de RH da Estal Servi�os Gerais, L�cia Conti, todo o reajuste salarial acaba impactando na situa��o da empresa. Segundo ela, a categoria de conserva��o e limpeza tem um piso ligeiramente maior que o m�nimo hoje, de R$ 702 (R$ 24 a mais) e os acordos salariais, embora influenciados pelo reajuste do m�nimo, s�o sempre com �ndices maiores. �A m�dia fica entre 9% e 11%. Mas n�o temos como repassar isso totalmente para o cliente, que alega j� arcar com grande carga tribut�ria.�

Por L�dia Borges - O Popular