Sem redução no IPI e com menos crédito, setor automotivo terá 2013 mais difícil

O ano de 2013 trar� desafios ao setor automotivo, que este ano foi beneficiado pela redu��o do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), concedida em junho e prorrogada duas vezes pelo governo, a �ltima delas at� 31 de dezembro. Os fabricantes e revendedores de ve�culos n�o contar�o mais com a desonera��o - o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a prorroga��o mais recente dever� ser a �ltima - e continuar�o operando em um mercado com cr�dito mais restrito do que na �poca da primeira redu��o do IPI, em 2009. Esse fator contribuiu para mudar o perfil de quem adquire ve�culos, j� que as financeiras fazem mais exig�ncias e a classe C n�o � mais a vedete do mercado.

Apesar da perspectiva menos favor�vel do que a atual, a Associa��o Nacional de Ve�culos Automotores (Anfavea) prev� que a comercializa��o de ve�culos continuar� crescendo. �Entendemos que o mercado re�ne condi��es de continuar em expans�o�, afirmou a entidade por meio de nota enviada � Ag�ncia Brasil.

A Anfavea prev� encerramento de 2012 com expans�o nas vendas de 4% a 5% no acumulado do ano ante o mesmo per�odo de 2011. Al�m disso, projeta a venda de mais 669,3 mil ve�culos at� dezembro, totalizando 3,8 milh�es no ano. Atualmente, o estoque de ve�culos est� em 316 mil unidades, n�mero considerado razo�vel para abastecimento regular do mercado. Para 2013, entretanto, apesar da estimativa de crescimento, ainda n�o h� previs�o quantificada.

O economista e consultor de varejo automotivo Ayrton Fontes diz que n�o espera recorde para as vendas de ve�culos em 2013. O consultor destaca que a inadimpl�ncia no financiamento automobil�stico est� em 6%, enquanto h� dois anos estava entre 2,4% e 2,5%. Por isso, afirma, os bancos continuar�o impondo regras r�gidas para a libera��o de cr�dito. "Acabaram aqueles financiamentos em 60 vezes sem entrada. Para aprovar [o financiamento] o banco tem uma s�rie de exig�ncias, que s�o renda comprovada, casa pr�pria, estabilidade no emprego. Al�m disso, privilegiam quem pode dar uma entrada mais alta", destaca.

O empres�rio H�lio Aveiro, dono de concession�ria de ve�culos no Distrito Federal e vice-presidente do Sindicato dos Concession�rios e Distribuidores de Ve�culos do DF (Sincodiv-DF), tamb�m relata uma situa��o de cr�dito mais restrito. "Est� mais dif�cil. De setembro para c� melhorou um pouco, com a ajuda da redu��o do IPI. Mas n�o est� mais como antes", admite. Ele prev� um Natal bom, em fun��o n�o apenas do benef�cio, mas do pagamento do 13� sal�rio e das promo��es de fim de ano. Aveiro diz ainda que, para 2013, a expectativa � de que a inadimpl�ncia recue e o cr�dito melhore.

Na avalia��o de Ayrton Fontes, o cen�rio atual, mais restritivo em rela��o ao financiamento, levou as classes A e B a se beneficiaram mais da redu��o do IPI em 2012 do que a classe C, que em 2009 foi a protagonista da desonera��o. "Naquela �poca, muitos adquiriram seu primeiro ve�culo. Agora, o que se tem � uma venda mais para as classes A e B. Eles t�m condi��o de dar 20%, 40% de entrada e pagar um juro mais baixo nas presta��es", comenta. Para ele, mesmo que a inadimpl�ncia apresente algum recuo no ano que vem, n�o haver� altera��o dr�stica na concess�o de cr�dito no curto prazo e, portanto, a situa��o tende a continuar.

Entre os consumidores que pretendem adquirir carro novo pagando um valor razo�vel de entrada est� o t�cnico de seguran�a da informa��o Osvaldo Monteiro de Morais, morador do Distrito Federal. Na semana passada, ele esteve em uma concession�ria pesquisando os pre�os, acompanhado do filho. Morais pretende trocar seu ve�culo, um Gol de 1998, por um modelo novo da mesma marca. "Inicialmente, pens�vamos em levar um carro b�sico, mas pelo jeito vai dar para comprar um com alguns adicionais. Quero dar uma boa entrada agora e deixar o menor n�mero de parcelas poss�vel, umas tr�s ou quatro no m�ximo", contou.

Uma maneira de o setor automobil�stico obter incentivos no ano que vem ser� o novo regime automotivo, lan�ado no in�cio de outubro pelo governo e que entra em vigor a partir de janeiro de 2013. Para se habilitarem, as empresas ter�o que se comprometer com uma s�rie de metas, dentre elas a redu��o de 12,08% no consumo de gasolina e etanol at� 2017. Ao se habilitarem ao programa, as empresas conseguir�o cr�dito presumido do IPI de at� 30 pontos percentuais. Na verdade, as empresas que assumirem as metas v�o escapar do aumento de IPI de 30 pontos percentuais, definido pelo governo no ano passado para as ind�strias que n�o apresentarem �ndices m�nimos de conte�do local na produ��o.

Por Mariana Branco - Ag�ncia Brasil