Senado terá sessão especial para marcar os 50 anos do golpe de 1964

O Senado promove, nesta segunda-feira (31), a partir de 11h, sess�o especial para lembrar os 50 anos do golpe de 1964. O pedido para a sess�o foi feito pelo senador Jo�o Capiberibe (PSB-AP), ele pr�prio v�tima dos anos de chumbo. Segundo o senador, � preciso que os fatos acontecidos h� meio s�culo sejam lembrados e repudiados, �para que os jovens nascidos na democracia conhe�am a hist�ria do seu pa�s e contribuam para o aperfei�oamento dela�.

Os 21 anos de poder militar, iniciados em 31 de mar�o de 1964, foram marcados por viol�ncia, cassa��o de direitos pol�ticos, censura, repress�o e suspens�o das elei��es diretas para presidente da Rep�blica e governadores de estado. O golpe, que n�o foi apenas militar, mas tramado tamb�m por setores da sociedade civil, come�ou a ser desenhado em 1961, com a instabilidade decorrente da ren�ncia do presidente J�nio Quadros.

Havia nos setores mais conservadores da sociedade, incluindo uma parcela dos militares, o temor de que a posse do ent�o vice-presidente Jo�o Goulart empurrasse o Brasil rumo ao socialismo. Uma sa�da para o impasse pol�tico foi a implanta��o do parlamentarismo, entre 1961 e 1962. O regime presidencialista foi retomado em 1963, ap�s um plebiscito.

� frente do pa�s, Jo�o Goulart passou a defender as chamadas reformas de base. Eram mudan�as profundas nas legisla��es banc�ria, fiscal, urbana, eleitoral, agr�ria e educacional. Jango defendia ainda o direito de voto para os analfabetos e para os militares de patentes inferiores.

Em 13 de mar�o de 1964, em com�cio no centro do Rio de Janeiro, diante de cerca de 150 mil pessoas, Jango defendeu as reformas e fez cr�ticas duras aos opositores que, segundo ele, estavam contra o povo. Em resposta, os conservadores promoveram no dia 19 de mar�o a Marcha da Fam�lia com Deus pela Liberdade. As estimativas variam, mas calcula-se que aproximadamente 500 mil pessoas tomaram as ruas de S�o Paulo para gritar contra "a amea�a comunista".

A partir da� a tens�o pol�tica somente se agravou, at� o dia 31 de mar�o, quando o general Ol�mpio Mour�o Filho iniciou a movimenta��o de tropas de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro. Come�ava o Golpe.

No dia seguinte, em Bras�lia, em uma sess�o tensa, o Congresso discutiu a deposi��o do presidente constitucional. A luta entre golpistas e janguistas, entrou pela madrugada e terminou com a chancela do Legislativo � ruptura democr�tica: o presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a Presid�ncia da Rep�blica, com o argumento de que Jo�o Goulart havia deixado o Brasil. Jango, no entanto, estava no Rio Grande do Sul.

O presidente da C�mara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu a Presid�ncia, � espera do primeiro general-presidente. Em 9 de abril, uma junta formada pelos chefes militares baixou o primeiro dos atos institucionais � instrumentos que davam apar�ncia legal ao regime ditatorial � suspendendo por dez anos os direitos pol�ticos dos opositores e instituindo elei��o indireta para presidente da Rep�blica. Ainda em abril, o marechal Castello Branco foi empossado presidente. Tinha in�cio o maior per�odo de supress�o de liberdades pol�ticas da hist�ria moderna do Brasil.

Site especial

A Ag�ncia Senado preparou um site especial reunindo reportagens sobre os momentos que antecederam o golpe de 1964 e uma s�rie de depoimentos, em v�deo, dos atuais senadores sobre aqueles dias de tens�o e sobre a luta pela retomada da democracia. A s�rie, intitulada Mem�rias do Golpe, apresenta testemunhos pessoais de parlamentares, como Cristovam Buarque (PDT-DF), que chegou a andar com um rev�lver no bolso depois da interven��o militar. Al�m disso, o site traz ainda uma linha do tempo com os fatos que marcaram os anos de chumbo.

Por Larissa Bortoni e Marco Antonio Reis - Ag�ncia Senado