O s�bio chin�s Lao-tse escreveu h� 2.500 anos: "Aquele que se apega ao trabalho n�o cria nada que perdure. Se quiser viver segundo o Tao, fa�a seu trabalho e depois se afaste dele."
Mas isso � mais f�cil de dizer do que fazer. Os chineses da antiguidade n�o tinham a internet nem as atualiza��es instant�neas das Bolsas de Valores.
Considere a hist�ria de Erin Callan, que era executiva-financeira-chefe da Lehman Brothers na �poca em que a empresa desabou, em 2008. Callan escreveu no "New York Times" que sua dedica��o incans�vel e as horas incont�veis que passava no trabalho a deixaram praticamente sem vida pessoal, com um casamento que n�o demoraria a ir por �gua abaixo. "Quando deixei meu emprego, isso me deixou arrasada", escreveu. "Eu n�o sabia valorizar quem eu era, em oposi��o ao que eu fazia."
Callan e muitas outras pessoas como ela talvez se sintam reconfortadas com descobertas que indicam que a maneira mais eficiente de realizar coisas talvez seja passar mais tempo fazendo menos.
"A renova��o estrat�gica --que inclui fazer exerc�cios f�sicos durante o dia, tirar sonecas curtas � tarde, passar mais horas dormindo, passar mais tempo longe do escrit�rio e tirar f�rias mais longas e frequentes-- resulta em melhorias na produtividade, na performance no trabalho e, � claro, na sa�de", escreveu no "NYT" o consultor de administra��o do tempo Tony Schwartz.
Parece contraintuitivo. Imp�rios foram erguidos sobre a ideia de que "mais � mais", correto? O lema de que "menos � mais" n�o seria pr�prio de arquitetos minimalistas e pessoas pregui�osas?
Schwartz e muitos outros discordam. O consultor observa que trabalhar demais, algo que frequentemente tem como consequ�ncia dormir de menos, prejudica n�o apenas os profissionais, mas tamb�m as empresas para as quais eles trabalham.
Um estudo recente da Universidade Harvard concluiu que trabalhadores que n�o dormem o suficiente custam a empresas americanas US$ 63,2 bilh�es por ano em produtividade perdida. Outro estudo concluiu que sonecas aumentam a produtividade no trabalho.
Outro estudo, este da Universidade Florida State, constatou que as pessoas de performance mais alta --atores, atletas e m�sicos de elite-- tendem a trabalhar melhor em per�odos de 90 minutos, raramente mais que tr�s vezes por dia, separados por intervalos regulares. O dia de trabalho de 12 horas ininterruptas di�rias n�o � uma op��o sensata.
Os atletas de alto n�vel, cujos corpos precisam de longos per�odos de descanso, sabem disso h� muito tempo. Mas essa m�xima n�o se aplica apenas a eles.
Um estudo feito com tr�s grupos de mulheres na faixa dos 60 aos 74 anos de idade que se exercitavam respectivamente duas, quatro e seis vezes por semana constatou que mulheres dos tr�s grupos tiveram quase os mesmos benef�cios f�sicos, mas aquelas que se exercitavam seis vezes por semana sofreram mais fadiga e eram menos ativas de maneira geral.
Tudo isso soa como li��es da era moderna, mas n�o � de hoje que s�o lan�ados avisos contra o excesso de atividade.
Erin Callan parece ter enxergado a luz taoista: "Eu n�o precisava ficar atenta ao meu BlackBerry de manh� at� a �ltima hora da noite. N�o precisava fazer a maioria de minhas refei��es � mesa do trabalho. N�o precisava varar a noite num avi�o para uma reuni�o na Europa no dia do meu anivers�rio. Hoje acredito que eu poderia ter chegado a uma posi��o semelhante tendo uma vers�o um pouco melhor de uma vida pessoal. N�o sem sacrif�cios, mas com um pouco mais harmonia."
Por Peter Catapono - New York Times
Fonte: Folha de S.Paulo