Trabalho: Interior oferece mais empregos

Participa��o do interior no saldo de vagas no ano passado, em Goi�s, foi maior do que na capital

J� se foi o tempo em que muitos moradores de munic�pios do interior precisavam se mudar para a capital em busca de oportunidades de trabalho. A expans�o do agroneg�cio e a concess�o de incentivos fiscais ajudaram a mudar essa realidade: o mercado de trabalho oferta cada vez mais vagas fora das capitais. A chegada de grandes ind�strias de setores como transforma��o, extra��o mineral e sucroalcooleiro elevaram a gera��o de riquezas e a renda, passando tamb�m a atrair pequenas empresas e mais empregos para o interior.

O resultado � que dos 33.053 empregos criados no Estado em 2013, 22.231 foram no interior, cuja participa��o no saldo de postos formais gerados (diferen�a entre admiss�es e demiss�es) passou de 62,3% em 2012 para 67,3% em 2013, de acordo com o dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Minist�rio do Trabalho e Emprego (MTE).

Munic�pios como Aparecida de Goi�nia, An�polis, Rio Verde e Catal�o se destacam como grandes geradores de empregos. Em 2013, mais de 10% dos novos postos de trabalho criados no Estado foram em An�polis.

RIO VERDE

Quatro anos atr�s, segundo dados do Sine, a oferta de postos de trabalho em Rio Verde, no Sudoeste do Estado, s� era menor do que a de Goi�nia. Em 2010, a ag�ncia local ofereceu 10.392 vagas de emprego. O munic�pio fechou o ano passado com 8.300 vagas ofertadas, das quais 60% foram preenchidas.

O coordenador Cairo Santos informa que a ag�ncia disponibiliza mais de 600 oportunidades de trabalho todos os meses. Praticamente metade das vagas anunciadas pelas empresas est� na �rea de servi�os. O com�rcio responde por 30% e a ind�stria de transforma��o, 15%. O restante est� na constru��o civil, na agropecu�ria ou no mercado informal. De acordo com Cairo, os cursos t�cnicos t�m representado uma oportunidade de acesso � carteira assinada.

Menos de um m�s depois de deixar o emprego de caixa em um banco, Nathan Faria Moraes, 23 anos, j� estava contratado para a mesma fun��o em uma loja de roupas aberta h� dois meses no centro da cidade, a Lojas Meizzi. �Felizmente n�o tive de esperar muito�, diz, aliviado. Segundo a gerente da loja, Juliana Santos Monteiro Costa, a empresa est� satisfeita com os resultados na cidade e estuda ampliar o quadro de funcion�rios.

No pr�ximo m�s, a rede Havan tamb�m inaugura uma nova loja de departamentos na cidade, que deve gerar de imediato 250 vagas de trabalho. O Buriti Shopping, que tem inaugura��o prevista para o segundo semestre, deve abrir cerca de 2.500 empregos diretos e indiretos este ano em Rio Verde.

CRESCIMENTO

A participa��o do interior no Produto Interno Bruto Goiano (PIB) tamb�m crescido, passando de 73,2% em 2005 para 75,1% em 2011. O secret�rio de Cidadania e Trabalho do Estado, Francisco de Assis Peixoto, lembra que empresas atra�das por incentivos tem optado, principalmente, por locais com boas perspectivas de crescimento, como Rio Verde, Catal�o, An�polis e Itumbiara. �Um exemplo � o da Caramuru, que j� gerava muitos empregos e abriu mais postos com a verticaliza��o da produ��o�.

Para atender a essa demanda, o Sine j� conta com unidades nos principais munic�pios goianos, como Aparecida, An�polis, Rio Verde, Caldas Novas e Itumbiara, al�m de Luzi�nia. Mas o secret�rio adverte que, muitas vezes, a oferta de vagas supera a m�o de obra dispon�vel na regi�o. Para atender a demanda, o Sine tem feito parcerias com a Secretaria de Ci�ncia e Tecnologia, governo federal e com o Sistema S para qualifica��o. �Essas oportunidades que chegam ao interior evitam a migra��o para a capital.�

� o caso da vendedora Daiana Silva, que h� um m�s conseguiu emprego na loja O Botic�rio do Luzi�nia Shopping, no Entorno de Brasilia. Depois de ficar oito meses desempregada, ela est� satisfeita com o novo trabalho. �Foi uma ben��o na minha vida. Tanto tempo desempregada a gente vai ficando desesperada por causa das contas.�

INCHAMENTO

O superintendente regional do Trabalho e Emprego em Goi�s, Arquivaldo Bites, lembra que essa interioriza��o do emprgo evita o incha�o populacional nas capitais, mantendo a popula��o economicamente ativa nesses munic�pios, e interioriza o desenvolvimento.

�Essa nova realidade � muito positiva, pois havia um desequil�brio com uma grande parcipa��o da capital�. Mas ele adverte que cidades do entorno de Goi�nia, como Aparecida, entram nas estat�sticas do interior do Estado.

Pequenas empresas descobrem oportunidades fora da capital

A moderniza��o do agroneg�cio e a instala��o de grandes empresas no interior do Estado tem aumentado a renda nesses munic�pios, que passaram a despertar a aten��o das pequenas empresas tamb�m. Muitas prestam servi�os para as grandes, enquanto outras simplesmente enxergam a oportunidade de novos mercados fora da capital para atender essa nova demanda por consumo.

O professor de Economia da Universidade Federal de Goi�s (UFG) e especialista em Mercado de Trabalho, Sandro Monsueto, lembra que a moderniza��o da produ��o agr�cola tem elevado a renda no interior nos �ltimos cinco anos, atraindo pequenas empresas, que s�o grandes geradoras de empregos. �Antes, essa popula��o precisava viajar muito para comprar e, agora, n�o precisa mais sair para comprar algum produto�.

Esses munic�pios tamb�m recebem cada vez mais institui��es p�blicas e privadas de ensino superior. Para ele, a maior tranquilidade e seguran�a no interior tamb�m tem atra�do muita gente que vivia na capital. Geralmente, s�o pessoas com melhor poder aquisitivo, que podem consumir mais produtos e servi�os.

REDU��O DE CUSTOS

A CEO do Grupo Empreza, Helena Machado Ribeiro, lembra que h� cerca de cinco ou seis anos teve in�cio uma tend�ncia de interioriza��o de empresas, principalmente com a concess�o de incentivos fiscais e a busca pela redu��o de custos, que s�o sempre maiores nas capitais. Ela explica que, em munic�pios do interior essas empresas t�m at� acesso mais facilitado a terrenos para se instalar . O resultado � que elas alavancam toda economia em torno dessas cidades.

O Estado j� � refer�ncia no setor sucroalcooleiro e farmoqu�mico. Isso tem ajudado Goi�s a registrar uma m�dia de gera��o de empregos superior � m�dia nacional nos �ltimos anos. Inclusive, a participa��o do interior goiano na gera��o de empregos � mais expressiva que em Estados importantes como Rio de Janeiro (27%) e Rio Grande do Sul (64%).

Helena Machado ressalta a import�ncia do crescimento das pequenas empresas no interior. �S�o elas que geram 70% dos empregos no Pa�s�, destaca. Por�m, a falta de trabalhadores qualificados continua sendo um grande problemas para a �rea de recursos humanos. Ela conta que, recentemente, precisou contratar 400 empregados para uma mineradora em Niquel�ndia e demorou o dobro do tempo que estimava. �Precisamos at� buscar pessoal em outros locais que n�o imagin�vamos para ocupar todas as vagas�, informa.

Brasileiro j� trabalha menos que 44 horas semanais

Entra ano eleitoral e as centrais sindicais levantam a mesma bandeira, defendida em toda e qualquer manifesta��o: a jornada de trabalho deve cair das atuais 44 horas semanais para 40 horas. Os empres�rios, por outro lado, defendem o contr�rio, e na semana passada chegaram a levar � presidente Dilma Rousseff, durante encontro em S�o Paulo, um pedido expl�cito para que a Constitui��o n�o seja alterada, e que a jornada continue de 44 horas. Os n�meros do mercado de trabalho, no entanto, indicam que, na realidade, o brasileiro j� trabalha menos do que determina o texto constitucional.

No primeiro trimestre deste ano, a m�dia de horas efetivamente trabalhadas pelos brasileiros foi de 39,7, por semana. Em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado houve uma eleva��o - a jornada de trabalho foi de 38,6 horas, em m�dia, nos primeiros tr�s meses de 2013.


Centrais vetam proposta sobre a CLT

As centrais sindicais barraram as contrata��es tempor�rias, mesmo com a posi��o do governo federal de que a medida baixaria o custo da m�o de obra e agilizaria o setor privado.

A ideia d era alterar a sexagen�ria Consolida��o das Leis do Trabalho (CLT) para permitir �s empresas contratar funcion�rios para per�odos curtos sem necessidade de registro em carteira.

Por O Popular