Além da proposta do governo, PMDB e DEM apresentaram textos alternativos para o marco civil da internet, proposta que estabelece princÃpios e regras para o setor.
O Plenário vai começar a discutir hoje, em sessão marcada para as 14 horas, o projeto do marco civil da internet (PL 2126/11) com pelo menos dois pontos de divergência: a neutralidade da rede e a regra que obriga empresas estrangeiras a instalar data centers para armazenar dados no Brasil.
Para tentar minimizar a polêmica, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, vai se reunir hoje à s 9 horas com todos os lÃderes partidários num último esforço antes da proposta chegar ao Plenário.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, disse que a reunião será um “tira-teimaâ€. “Ou todos nós concordamos com uma proposta, ou vamos para a disputa nos itens em que não for possÃvel chegar a um acordoâ€, explicou o presidente. Alves informou que o projeto terá a fase de discussão encerrada amanhã e será colocado em votação na terça-feira que vem (25). “Ele será votado irreversivelmente na terçaâ€, avisou.
Confira os principais pontos da proposta.
Mudanças
O relator do projeto, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), admitiu que pode haver mudança na regra sobre os data centers a pedido de partidos da base. “Esse ponto foi incluÃdo após o escândalo de espionagem; não constava do projeto original, e alguns partidos da base sugerem que se busque uma redação alternativaâ€, disse Molon. Até agora, segundo ele, não houve mudanças no relatório apresentado no mês passado.
A oposição já avisou que é contra obrigar empresas a armazenar dados no Brasil. Os lÃderes do Solidariedade, deputado Fernando Francischini (PR), e do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), disseram que a medida vai encarecer o acesso à internet. “As empresas terão de replicar no Brasil a sua estrutura de data centers, e esse custo fatalmente será repassado para o consumidorâ€, disse Mendonça Filho.
DEM, PPS, PSD, PP e Pros já pediram que o artigo seja votado separadamente. Além disso, DEM e PMDB apresentaram textos alternativos ao marco civil da internet que excluem essa regra.
Neutralidade
O ponto mais polêmico da proposta, no entanto, continua sendo a neutralidade. O princÃpio proÃbe a venda de pacotes diferenciados por serviços pelos provedores de acesso ou o bloqueio de alguns sites ou aplicativos pelas empresas que gerenciam conteúdo. Todos os usuários deverão ter tratamento igual pelas empresas.
O PMDB, no entanto, quer autorizar a venda de pacotes diferenciados de acesso a Internet enquanto a oposição quer tirar do governo o poder de regulamentar as exceções à neutralidade. Mas o relator já avisou que a neutralidade é “inegociávelâ€.
Para a oposição, dar ao governo o poder de regulamentar a neutralidade vai permitir que algumas empresas sejam beneficiadas em detrimento de outras. O lÃder do DEM, deputado Mendonça Filho, apresentou hoje uma emenda que proÃbe qualquer regulamentação da neutralidade. “Essa proposta do governo é neutralidade fake [falsa] porque depende de decreto do Executivoâ€, denunciou. “A neutralidade deve ser independente da posição polÃtica de quem governaâ€, disse o lÃder do SDD, deputado Fernando Francischini.
Molon rebateu as crÃticas. “Não há como tirar a regulamentação, que é prerrogativa constitucional. Tirar isso é deixar ao sabor dos provedores quais os requisitos que eles vão usar na sua rede, ou seja, acabar com a neutralidadeâ€, disse.
Reunião
A bancada do PMDB deve se reunir hoje, à s 14 horas, para decidir a sua posição quanto ao marco civil. Até a semana passada, o lÃder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), dizia que o partido iria rejeitar o texto, mas Cunha admitiu que a posição do PMDB pode mudar se o projeto for alterado nos dois pontos polêmicos.
“Estão falando em tirar os data centers, o que a gente não concorda; também falam em tirar a regulamentação por decreto, e nós não queremos interferência do governo na internet. Se essas coisas forem resolvidas, o projeto passa a ter uma chanceâ€, disse.
Por Agência Câmara
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